Nos últimos quatro anos, os Fundos de Investimento Imobiliário (FII) começaram a despertar a atenção dos investidores brasileiros, principalmente pessoas físicas, pois o dividendo (a renda oriunda dos aluguéis) é isento de Imposto de Renda. Para os especialistas do setor, no entanto, o mercado brasileiro ainda tem um longo caminho para se desenvolver, quando comparado a mercados mais maduros, como os EUA e a Europa.
De acordo com levantamentos feitos pela RBR Asset Management, nos EUA a indústria de fundos imobiliários representa cerca de US$ 1 trilhão, correspondendo a 5,7% do PIB americano. No Brasil, o tamanho dessa indústria está em torno de R$ 65 bilhões, o que equivale a 1% do PIB.
Dados de abril deste ano do Boletim de Mercado Imobiliário, produzido pela BM&FBovespa e pela Cetip, mostram que há 309 Fundos de Investimento Imobiliários registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sendo 128 listados. "Do total listado, cerca de 70 fundos são mais representativos no índice IFIX, e têm mais liquidez", diz Ricardo Almendra, CEO da RBR.
Almendra ressalta que o mercado precisa focar na educação, mostrando ao investidor as vantagens do FII, mas alertar que não se trata de um produto de renda fixa. "Fundo imobiliário é um ativo que tem oscilação em bolsa. Achamos que o produto tem uma geração de riqueza muito boa frente ao CDI, porém, há oscilações. Em termos de risco, o FII está entre a renda fixa, como um título público federal, e a renda variável. O produto tem uma garantia real, que é o imóvel, provavelmente uma renda, que é o aluguel, mas sofre as oscilações de um negócio listado em bolsa".
Fabrício Tota, gerente de home broker da Socopa, ressalta que, no último ano, o FII começou a valorizar diante da perspectiva de queda da taxa de juros, além de apresentar menos volatilidade na bolsa. Segundo o Boletim de Mercado Imobiliário, publicado em abril, nos últimos 12 meses, a valorização do IFIX foi 30,99%, enquanto a do Ibovespa foi 21,32%. "Enquanto em 2015 o IFIX subiu só 5%, em 2016 a valorização foi de 32%. No acumulado de 2016 e 2017 (até maio), a valorização é de 44%. Diante de uma perspectiva de queda de taxas de juros, o FII se coloca como boa alternativa", afirma.
Para Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, o FII permite ao investidor maior diversificação com pouco dinheiro. "O produto dá o investidor diferentes classes de ativos e mitiga o risco. Outro ponto é a liquidez, é possível vender a cota a qualquer momento, já a venda de um imóvel é uma negociação mais difícil".
Bruno Laskowsky, diretor da CSHG Real Estate, aponta que haverá um reprecificação dos ativos, e os gestores terão que fazer uma realocação de portfólio para os FIIs. "O movimento de retomada é lento, mas já existe. Acho que o foco não será tanto na classe do ativo (corporativo, logística, residencial ou mal). Mais importante será a escolha de boas operações em cada uma dessas classes", afirma.
Larissa Nappo, analista da Citi Corretora, diz que o pior já passou e o mercado começa a se recuperar do tombo entre 2013 e 2014. "Desde 2016, vemos cotas se recuperando muito por conta da Selic. Agora a próxima alta virá com a melhora da economia real. Esperamos para o final deste ano e início de 2018, uma oferta mais equilibrada, sobretudo, em São Paulo no segmento corporativo".