O ano começou e, após as eleições definidas e o plano econômico estipulado (ou quase), fica a dúvida se finalmente o mercado imobiliário do Rio vai começar a erguer seus tijolinhos novamente. A resposta é “não exatamente”. Segundo especialistas do setor, o primeiro trimestre será um período de expectativas e espera pelas diretrizes do novo governo.
Na última terça-feira, o novo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, disse que haveria aumento dos juros no financiamento da casa própria para a classe média. Na quarta, porém, ele disse que suas palavras foram distorcidas e que, na verdade, quis dizer que os juros para a classe média já são mais altos e que continuariam a atender às regras de mercado.
O fato é que o disse-me-disse mexeu com todo o mercado em um momento em que a segurança para comprar ou construir imóveis é fundamental para o aquecimento do setor, especialmente no Rio. Nos últimos anos, os nichos de luxo e do programa Minha Casa Minha Vida se mantiverem bem. O de classe média, contudo, foi bem afetado.
Segundo o professor de Negócios Imobiliários da FGV, Paulo Pôrto, a afirmação em si não chega a ser capaz de atrasar o crescimento previsto para 2020. Mas abala a confiança, o que pode levar ao adiamento da recuperação.
— O que o mercado estava esperando eram medidas que dessem mais segurança para comprar, vender ou fazer um financiamento. Esse tipo de comentário desencontrado por interlocutores do governo é irresponsável e acaba gerando uma incerteza grande, e as pessoas seguram o dinheiro. Isso influencia do mutuário à construtora.
Para a diretora da construtora Riooito, Mariliza Fontes Pereira, a declaração não significa aumento nos preços, mas que o governo vai investir na classe que tem mais dificuldade de comprar o imóvel, hoje enquadrada no Minha Casa, Minha Vida.
— O mercado está se movimentando para favorecer o mercado e isso é um bom sinal. O Minha Casa, Minha Vida não é só para o público de baixa renda. É, também, para pessoas que estão querendo comprar seu primeiro imóvel.
A empresa prevê dois lançamentos em 2019 para esse segmento.
Compro e vendo agora? - Em geral, a expectativa é que após esse trimestre — onde deve haver uma definição econômica e serem sentidos seus efeitos iniciais —, as construtoras devem ajustar seus projetos para, no segundo semestre, fazer os primeiros lançamentos. Contudo, o mercado deve começar a retomada para valer somente em 2020. E isso para imóveis residenciais.
Segundo Paulo Pôrto, da FGV, em geral, no Brasil a tendência é ter uma boa reação no segundo semestre, com lançamentos em abril, maio e junho e vendas logo depois.
— O Rio vai ter primeiro um semestre muito morno, de readequações. Haverá alguma queda de preço e estoques sobrando. Quem tiver dinheiro em caixa poderá conseguir boas negociações. Já no segundo semestre os estoques estarão queimados e a tendência é que sejam feitos lançamentos.
Pôrto acrescenta que, para os vendedores, se for possível, será melhor segurar para 2020, pois é quando os preços realmente começarão a melhorar. Mariliza Fonres, da Riooito, concorda:
— Acredito que, em 2019, as pessoas terão mais esperança de investimento e, em 2020 e 2021, o mercado entrará na normalidade, e não no boom, o que eu acredito ser muito bom — diz ela.
O gerente comercial da CAC Engenharia, Bruno Teodoro, também concorda com essa perspectiva. A empresa espera praticamente dobrar o número de unidades lançadas.
— Nossa avaliação é que 2019 e 2020 serão anos de muitos lançamentos, pois as verbas do Minha Casa Minha Vida já estarão orçadas. Mas 2021 ainda é uma incógnita.
Lançamentos previstos - Já o presidente da Sawala Imobiliária, Márcio Cardoso, acredita que o aquecimento deva aparecer ainda no primeiro trimestre deste ano.
— Em 2019 haverá mais lançamentos do que 2018, impulsionados pela confiança no cenário político e econômico do país e, principalmente, no embalo dos excelentes resultados atingidos no último trimestre de 2018. Acreditamos que Zona Sul e Recreio serão as regiões que voltarão a lançar.
Na Tegra, estão previstos quatro lançamentos neste ano. O diretor executivo Alexandre Fonseca explica que eles serão feito em áreas que não tiveram lançamentos nos últimos anos. Segundo ele, o crescimento da Tegra em 2019 no Rio será em torno de 35%, na comparação com 2018.