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03/04/2023

Imóveis para aluguel têm queda histórica (Extra)

Taxa de vacância média em bairros do Rio chegou a 6,2% em fevereiro, a menor da série iniciada em 2014

A cada cem imóveis residenciais destinados ao mercado de locação no Rio, apenas seis estão disponíveis. Os dados constam de pesquisa feita pela Apsa em fevereiro deste ano, com base em cerca de mil imóveis da capital, que identificou uma taxa de vacância média de 6,2% — a menor da série histórica, iniciada em 2014. Segundo a imobiliária, a taxa ideal de imóveis vazios para locação é de 8% a 10%. Quando a disponibilidade de unidades é menor, o valor dos aluguéis tende a subir.

 

O gerente de Imóveis da imobiliária, Flávio Olímpio, diz que esse cenário é perceptível inclusive pelo tempo que os proprietários têm levado para alugar seus imóveis: 24 dias, em média, na Tijuca, em Vila Isabel, no Maracanã e no Grajaú. Em 2020, quando a vacância na região estava em 30%, ele lembra que o tempo médio de espera para alugar apartamentos nesses bairros era de 262 dias. Em março do ano passado, a taxa de vacância na Tijuca somava 24,9%.

— Depois da Copa do Mundo e das eleições, houve mudanças muito rápidas no mercado de loca- ção. Parece que as pessoas se sentiram mais confiantes para assumir um aluguel. Houve aumento vertiginoso da procura — diz Olímpio.

 

A explicação para esse movimento pode estar na alta da taxa de juros (Selic), que impacta diretamente o crédito imobiliário, que anda mais caro. Para fugir dos juros do financiamento, as pessoas têm preferido alugar imóveis em vez de comprar. Mas, na Zona Norte, o cenário é um pouco diferente, pois a região concentra muitos lançamentos na planta, a maioria enquadrada no programa Minha Casa, Minha Vida, cujos juros são descolados da Taxa Selic.

— Além disso, historicamente os bairros da Zona Norte têm grande quantidade de imóveis antigos, o que dificulta a locação. Na região, a taxa de vacância é de 11,3%, percentual bem acima do observado na Barra da Tijuca e adjacências, que é de 1,6%, ou na Zona Sul, onde a taxa atual é de 2,8%.

 

Com a demanda em alta, o valor dos aluguéis sobe. Na média, o preço do metro quadrado para locação no Rio aumentou 24,27% com relação a março do ano passado, de acordo com a pesquisa da Apsa Numa análise por bairro, os valores seguem a dinâ- mica relacionada à quantidade de imóveis disponíveis. No Méier, por exemplo, onde a oferta está acima da de-manda, os preços subiram 5,63%, enquanto na Tijuca, onde o número de imóveis disponíveis é menor, o aumento foi de 15,7%.

O coordenador do Centro de Pesquisa e Análise da Informação do Secovi Rio, Maurício Eiras, confirma que o número de imóveis ofertados para locação vem diminuindo desde o ano passado. O sindicato estima que há cerca de 9,3 mil unidades disponíveis para aluguel no Rio. Em agosto de 2023, esse nú- mero era de 11,7 mil.

— Vivemos um momento em que muitas pessoas não querem mais se fixar em um lugar só. Preferem viver como nômades, e o aluguel dá liberdade para isso em comparação à aquisição de um apartamento — comenta Eiras.

 

O coordenador afirma também que muitas pessoas não se sentem confortáveis para investir na compra de um imóvel no início de novos governos. Em geral, esperam para avaliar melhor o comportamento do mercado antes de optar pela compra.

A gerente de Locação da Precisão Empreendimentos Imobiliários, Daniele Souza, observa que a oferta de imóveis para aluguel vem diminuindo na cidade como um todo, enquanto os preços aumentam. Na Zona Norte, especificamente, onde o preço é menor em relação à Zona Sul e há mais disponibilidade de imóveis, a procura também tem crescido.

— Na Tijuca e em Vila Isabel, a demanda tem sido mais de jovens que estão saindo da casa dos pais. Há também estudantes da Uerj, que querem ficar próximos da universidade — ressalta Daniele.

 

Falta de lançamentos impacta o mercado

Portfólio de imobiliárias tem redução no número de unidades para locação

A redução da quantidade de lançamentos imobiliários no Rio, que vem sendo observada nos últimos anos, impactou diretamente o mercado de locação. Na avaliação do vice-presidente Comercial da Administradora Renascença, Edison Parente, a falta de lançamentos de novas unidades na capital é o principal fator que explica a redução da oferta de imóveis para alugar no mercado carioca.

— A falta de lançamentos não atinge só o segmento de compra e venda. No médio e no longo prazos, pode afetar também o mercado de loca- ção, uma vez que muitas unidades adquiridas na planta são colocadas para aluguel por seus proprietários, em algum momento — afirma.

 

Parente observa que, nos últimos dois meses, enquanto a procura por locação manteve-se estabilizada, a oferta de imóveis destinados a aluguel no portfólio da imobiliária reduziu de mil para 750 unidades. Para ele, o mercado de aluguel está saturado. Na Renascença, o tempo médio para locação de um imóvel residencial no Rio passou de 90 para apenas 30 dias.

— Um ponto que tenho observado também é a redução de clientes que reincidem contratos de aluguel. Quando termina o prazo, os inquilinos estão preferindo renovar com o mesmo proprietário em vez de sair à procura de outro imóvel. Isso é um sintoma da baixa oferta de unidades no mercado. 

FONTE: EXTRA