Talvez você já tenha visto a pergunta: você comprou esse imóvel com objetivo de morar ou de investir? Por exemplo, ela faz parte do questionário de perfil de compradores e é apresentada no relatório Raio X do FipeZap. Apesar de ser uma pergunta frequente, racionalmente, ela faz sentido? O que ela significa?
Divulgado no dia 11 de maio, o relatório do FipeZap aponta que no primeiro trimestre de 2023, 39% dos compradores tinham objetivo de investir e não de morar. Os outros 61% comprar o imóvel com a finalidade de morar.
Diferente dos números atuais, no mesmo período do ano passado, 47% dos compradores tinham objetivo de investimento e apenas 53% para moradia.
O que está por trás desta segregação entre morar e investir?
Alguém poderia argumentar que compradores com intuito de investir e ganhar dinheiro olham com mais cuidado o preço que estão pagando e o retorno que esperam obter.
Isso significaria que compradores com o intuito de morar não são racionais em sua decisão de compra e não considerariam preço e retorno.
Falando desta forma, parece não fazer sentido, certo?
A decisão de adquirir um imóvel é sempre uma decisão de investimento.
Quando você resgata recursos de investimentos líquidos ou contrai um empréstimo e aloca este recurso em um imóvel, você está investindo.
Já ouvi contestações a isso explicando que, se você vai morar, você não estaria visando retorno por aluguel.
Discordo disto, se você vai morar, você é o locatário e locador ao mesmo tempo. Talvez o melhor locatário que você possa ter, pois nunca vai deixar de pagar o aluguel para você mesmo. Entretanto, ainda assim, pode não ser o melhor locatário, pois há muitos que mantém e fazem benfeitorias até mais que muitos proprietários.
Portanto, não importa se você vai morar ou não, quando decide adquirir um imóvel, deve refletir sobre a aquisição como uma decisão de investimento.
Assim, como qualquer decisão de investimento, você deve avaliar o retorno que espera obter na aquisição.
O retorno esperado de um imóvel é consequência do ganho por valorização e da remuneração de aluguel.
Mesmo que você pretenda ser o morador, é importante procurar saber qual o valor de aluguel deste mesmo imóvel e estimar qual o potencial de valorização.
O processo de avaliação é o mesmo como se fosse adquirir o imóvel não para morar, mas para ganhar com a alta dos preços e com aluguel.
Afinal, o resultado desta avaliação pode mostrar que vale mais alugar que comprar.
Apesar de não fazer sentido a segregação entre objetivo de compra e investimento, temo que realmente compradores com a finalidade de moradia não considerem adequadamente preço e retorno esperado. Não tenho dúvida que muitos adquirem imóveis no calor da emoção ou saciação de um sonho ou desejo.
Voltando aos resultados da pesquisa do FipeZap, o número de "investidores" caiu significativamente no período de 12 meses. Isto poderia significar que os preços e retornos esperados de imóveis estão menos atrativos que há um ano e que aqueles que fazem conta, estão tomando a decisão racional de esperar um momento melhor.