Idiana Tomazeli
RIO - A continuidade do aumento do desemprego no País e o cenário de restrição para as empresas devem elevar os índices de inadimplência no próximo trimestre, projetou ontem o Itaú Unibanco em reunião com investidores. Diante disso, a instituição deve manter as reservas em seu balanço para possíveis perdas (as chamadas provisões) realizadas até o momento.
O Itaú Unibanco encerrou o primeiro trimestre com R$ 36,036 bilhões em provisões. “A retração nas provisões não está no cenário nos próximos meses”, disse o diretor de relações com investidores do Itaú Unibanco, Marcelo Kopel, em reunião promovida pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) no Rio.
Segundo Kopel, o banco elevou o ritmo de provisões nos últimos trimestres por enxergar uma “economia mais desafiadora” e também devido ao aumento no índice de atrasos na carteira de crédito. O ritmo das provisões, contudo, pode diminuir nos próximos períodos.
No futuro, o executivo acredita que será possível reduzir o montante reservado para possíveis perdas. “À medida que a economia vai sendo retomada, e vemos sinais de que isso pode acontecer no segundo semestre e com intensidade maior em 2017, a economia vai poder girar mais. Com carteiras crescendo mais, abre-se espaço para provisão menor”, afirmou.
“Mas ainda não podemos dizer quando isso vai acontecer. O cenário é de economia começando a melhorar lentamente”, ressaltou Kopel.
Embora em trajetória crescente, a inadimplência deve seguir aumentando “de uma forma controlada”, apontou o executivo. No primeiro trimestre de 2016, o índice total de inadimplência, para atrasos entre 15 e 90 dias, ficou em 3,1%, ante 2,9% em igual período do ano passado. Nos atrasos superiores a 90 dias, o índice ficou em 3,9%, ante 3,0% na mesma base de comparação.
Essa alta está em linha com o cenário de maiores restrições para empresas e também de elevação no desemprego, que compromete a renda das famílias, disse Kopel. Neste ano, a expectativa do Itaú é de que a taxa de desemprego chegue a 12,5%. Em 2017, deve ficar em 13%.
Concessões. A nova rodada de concessões que o governo do presidente em exercício Michel Temer pretende tirar do papel deve abrir grande oportunidade no mercado de capitais. Os bancos privados, contudo, tendem a ter participação menor nos financiamentos, provavelmente focados na fase inicial dos projetos. Os financiamentos de longo prazo deverão ficar a cargo de investidores institucionais, como fundos. “Temos oportunidade grande no mercado, onde os bancos têm papel importante, mas principalmente na fase pré-operacional”, disse Kopel. “O mercado de capitais tem uma fantástica oportunidade para se desenvolver no País.”