A incorporadora Viver, que saiu da recuperação judicial no ano passado, anunciou na segunda-feira que chegou a uma solução para sua maior dívida. Os R$ 210,6 milhões do débito, composto por debêntures do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), serão convertidos em ações da empresa, adquiridas pelo fundo FI-FGTS (ligado à Caixa), pelo valor de R$ 19,80 cada.
Inicialmente, a companhia afirmou que o fundo passaria a deter cerca de 10% da Viver, mas hoje (01/11), após publicação do texto, corrigiu que serão 5%. A ação da incorporadora terminou o pregão de segunda-feira a R$ 0,57, após subir 16,33% durante o dia.
Segundo Arthur Marin, diretor de operações da companhia, como o FI-FGTS não pode ser dono de empresas, ele terá um agente comissário que vai realizar a venda das ações.
A conversão das dívidas da Viver em ações da empresa estava prevista no plano de recuperação judicial da incorporadora. Após a operação, R$ 65,2 milhões válidos em terrenos e carteiras de recebíveis, que eram garantia da dívida, serão liberados para uso da companhia.
Para fechar o acordo, a Viver também deverá pagar R$ 14,1 milhões à vista ao FGTS, para “quitar o crédito extraconcursal da dívida e ressarcir despesas advocatícias, cartorárias, emolumentos e despesas judiciais em favor da Caixa Econômica Federal”, como citado no fato relevante enviado há pouco à Comissão de Valores Mobiliários.
“O FGTS foi contemplado da mesma forma que outros credores, foi a maneira que encontramos para reestruturar nossas obrigações”, explica Marin.
Segundo Ricardo Piccinini, presidente da incorporadora, foram três anos de negociação até conseguir fechar a resolução da dívida.
A expectativa é que o acordo torne a Viver uma empresa com patrimônio líquido positivo, mas o efeito contábil deve aparecer somente no balanço do primeiro trimestre, afirma Marin, porque ainda é preciso emitir as ações e aguardar a apropriação do FGTS. O endividamento total da companhia será reduzido em 84%.
“Uma empresa de real estate precisa ter patrimônio positivo, quem não tem ou está em dificuldade ou passou por problemas, e vamos sair desse grupo”, diz Piccinini.
O FGTS foi procurado, por meio da assessoria de imprensa da Caixa, mas informou que, “em respeito ao sigilo bancário, não comenta detalhes sobre estratégias negociais”.
Marin destaca que as debêntures do FGTS foram oferecidas para diversas incorporadoras no passado, durante o programa Minha Casa, Minha Vida, e que algumas também passaram por problemas financeiros. “Isso que está acontecendo aqui vai ser pioneiro, porque virão outras empresas que vão usar como base essa negociação”, diz.
Matéria publicada em 02/11/2022