A maior parte dos balanços do primeiro trimestre das incorporadoras - divulgados a partir desta semana - deve apresentar melhora na comparação anual. Há expectativa que os resultados das incorporadoras com atuação no segmento de média e alta renda - Cyrela, Even e EZTec - reflitam o bom desempenho já divulgado nas prévias operacionais e sejam os destaques do trimestre.
Em relação às incorporadoras com atuação na baixa renda, também há expectativa de melhora dos resultados, apesar da maior dificuldade dos repasses dos recebíveis dos clientes de unidades do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida para a Caixa Econômica Federal no início deste ano.
Para a Cyrela, principal incorporadora de médio e alto padrão, as projeções em relação ao resultado líquido vão de prejuízo de R$ 10 milhões a lucro de R$ 53 milhões, ante a perda de R$ 51,3 milhões do primeiro trimestre de 2018. A média das projeções do Bradesco BBI, BTG Pactual, Credit Suisse, Itaú BBA e J.P. Morgan indica alta de 67,8% da receita líquida da companhia, para R$ 756 milhões.
Na avaliação do BTG, Cyrela deve ser o principal destaque do trimestre, seguida por Even. O banco projeta que a incorporadora fundada por Elie Horn teve margem bruta de 33,7%, enquanto o Credit estima 32%. As estimativas de analistas para a geração de caixa da Cyrela vão de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões.
Em relação à Even, analistas esperam que a companhia tenha revertido o prejuízo de R$ 25,7 milhões do primeiro trimestre do ano passado e retorne à lucratividade. O lucro líquido médio projetado pelas prévias das cinco instituições financeiras é de R$ 26,8 milhões. A receita média estimada, de R$ 458,8 milhões, representa alta de 36% na comparação anual.
O Itaú BBA ressalta que o lançamento do projeto ícone Fasano, em São Paulo, pela Even e a redução dos distratos deve resultar em margem bruta ajustada de 30,8%. O BTG estima que a Even tenha consumido caixa de R$ 30 milhões devido aos elevados desembolsos para compra de terrenos, enquanto o Bradesco BBI projeta queima de caixa de R$ 40 milhões.
Para a EZTec, a média das projeções dos cinco bancos é de lucro de R$ 26,56 milhões, 4,91 vezes superior ao do mesmo período de 2018. A média das estimativas para a receita é de R$ 145,4 milhões, com expansão de 60,9%. O BTG projeta consumo de caixa de R$ 50 milhões pela EZTec em decorrência das compras de terrenos, no trimestre, e da aquisição de fatia minoritária no projeto Jardins do Brasil. O Bradesco BBI estima aumento da margem bruta da companhia de 35,1% para 38,3%.
Em relação à Gafisa, a média das projeções do Bradesco BBI, do BTG e do Credit indica expectativa de prejuízo de R$ 39,5 milhões, 29,3% abaixo da perda do primeiro trimestre de 2018. Já a receita média, de R$ 111,5 milhões, ficou 47,8% menor na comparação anual. O BTG espera queda de 79% nas vendas líquidas e geração de caixa de R$ 20 milhões.
No caso da Tecnisa, a média das estimativas do Bradesco BBI, do BTG e do Credit aponta para prejuízo líquido de R$ 2,77 milhões, ante a perda de R$ 53,7 milhões de um ano antes. A receita média projetada, de R$ 83,8 milhões, supera em 41,5% a do primeiro trimestre de 2018. O Bradesco BBI diz esperar aumento da margem bruta da Tecnisa de 5,8% para 27,4%.
O lucro médio projetado pelos cinco bancos para a MRV Engenharia - principal operadora do programa habitacional e maior incorporadora do país - é de R$ 174,9 milhões, com alta de 9,5% ante o ganho registrado no primeiro trimestre de 2018. A média das estimativas indica receita de R$ 1,352 bilhão, com alta de 10%. O Bradesco BBI projeta margem bruta de 32,8%, ante 33,7% no primeiro trimestre de 2018. O retorno sobre patrimônio (ROE) anualizado projetado pelo BTG é de 14%.
A MRV - que divulga balanço hoje - já informou consumo de caixa de R$ 19 milhões. Como a companhia adota o modelo de "venda garantida", em que a operação é registrada somente após o repasse, parte da comercialização não foi reconhecida no trimestre.
Para a Direcional Engenharia, a média do lucro líquido projetado pelas cinco instituições financeiras é de R$ 16,5 milhões, com reversão do prejuízo de R$ 8,1 milhões registrado de janeiro a março de 2018. A receita líquida média estimada, de R$ 321 milhões, representa alta de 67% na comparação anual. O Bradesco BBI espera que a Direcional tenha consumido caixa de R$ 10 milhões.
Em relação à Tenda, a média das estimativas do Bradesco BBI, do Credit, do Itaú BBA e do J.P. Morgan aponta para lucro líquido de R$ 55,75 milhões e para receita de R$ 428 milhões, com crescimento de 54,9% e 16,9%, respectivamente. O Bradesco avalia que a geração de caixa da Tenda pode ter caído para R$ 30 milhões.