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27/04/2022

Incorporadoras econômicas e setor corporativo têm trimestre positivo, mas custo preocupa

Os juros altos são o segundo maior fator de preocupação, e afetam diretamente a venda de imóveis de médio e alto padrão

O custo para se construir segue alto e representou a maior preocupação do setor no primeiro trimestre de 2022, apontou a Sondagem da Indústria da Construção, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foi o sétimo trimestre consecutivo no qual essa preocupação foi a mais citada pelos empresários.

Os juros altos são o segundo maior fator de preocupação, e afetam diretamente a venda de imóveis de médio e alto padrão, já que unidades econômicas, enquadradas no programa Casa Verde e Amarela, seguem uma linha própria de financiamento, com recursos do FGTS.

 

O público imediatamente superior ao beneficiado pelo programa habitacional está muito visado pelas incorporadoras que atuam com baixa renda. Como o Casa Verde e Amarela tem um teto para o valor das residências vendidas, atender quem está fora do programa permite atingir um valor de comercialização mais elevado.

É a estratégia adotada pela Cury, que tem 30% das unidades fora do programa, vendidas a até R$ 500 mil. A empresa teve seu desempenho trimestral chamado de “impressionante” por analistas do BTG.

Gigante do segmento econômico, a MRV também teve resultados positivos no trimestre, mas mais tímidos, com crescimento de 7,6% nas vendas líquidas e de 1,4% nos lançamentos, puxados principalmente pelo bom desempenho de sua subsidiária americana.

A incorporadora tem conseguido repassar parte do aumento dos custos de construção para o consumidor, algo também feito pela Cury, que aumentou o preço médio das unidades lançadas em 20,7%, na comparação anual.

 

Outros players econômicos também divulgaram resultados positivos em suas prévias operacionais, como a Plano&Plano, com 10,8% de aumento nas vendas líquidas e 161% nos lançamentos, e a Direcional (mais 21% de vendas líquidas e 4% de lançamentos), na comparação com o mesmo período de 2021.

O destaque negativo ficou com a Tenda, que voltou a registrar queda em lançamentos e vendas líquidas, de 23,5% e 17,8%.

A área corporativa, em São Paulo, apresentou absorção líquida positiva no primeiro trimestre do ano, segundo as consultorias JLL e Newmark, boa notícia para o setor que sofreu com a pandemia e a adoção de home office. O primeiro trimestre costuma ser mais desafiador para o segmento.

 

A taxa de vacância ainda é alta na cidade, de 24,6%, em média, informa a JLL, mas apresenta grande variação de acordo com a região. Enquanto na Faria Lima, área nobre para escritórios, está em 8%, é de 30,7% em Alphaville.

Em 2022, a entrega de novo estoque deve ficar abaixo da média anual da cidade, segundo a Newmark, o que pode ajudar na recuperação da ocupação dos espaços já existentes.

No segmento de condomínios logísticos, absorver estoque não é problema. A taxa de vacância no país caiu de 13,6% no primeiro trimestre de 2021 para 11,4% nos primeiros três meses deste ano, apesar de um crescimento anual médio de 1,5 milhão de m² de área locável.

 

O crescimento do comércio eletrônico, algo que não deve se reduzir com a melhora da pandemia, por ter se tornado parte da cultura do consumidor, impulsiona o segmento.

De acordo com Marina Cury, presidente da Newmark, os olhos estão voltados neste momento para oportunidades de empreendimentos “last mile”, a um raio de 15 quilômetros do centro expandido de São Paulo, que viabilizam entregas em questão de horas.

Esse tipo de empreendimento está começando a ser entregue agora e a demanda é grande, o que deve fomentar novos negócios. 

 

Matéria publicada em 26/04/2022 

FONTE: VALOR ECONôMICO