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12/06/2023

Incorporadoras miram cliente rico e priorizam imóveis a partir de R$ 5 milhões diante de juros altos (Estado de S.Paulo)

Consumidores no topo da pirâmide conseguem arcar com a alta dos custos de construção e das taxas de financiamento imobiliário, pagando um valor maior de parcela

Diante da subida dos juros dos financiamentos imobiliários e do aumento dos custos de construção, as incorporadoras que tradicionalmente desenvolveram residenciais para consumidores de média a alta renda têm concentrado seus lançamentos no topo da pirâmide social. Cyrela, Even, Eztec, Gafisa, Mitre e Tegra, entre outras, têm dado mais ênfase aos residenciais para o público de alto poder aquisitivo, em que os apartamentos partem de R$ 5 milhões.

 

A explicação para esse movimento é que o público endinheirado tem condições de arcar com a alta dos custos e das taxas de juros, pagando um valor maior de parcela. Ou até mesmo de pagar tudo do próprio bolso, sem recorrer ao banco. É uma situação bem diferente da classe média, que depende de crédito imobiliário a taxas acessíveis para fechar negócio.

 

O presidente da Even, Márcio Bonata, conta que o público de alta renda costuma pagar em torno de 60% a 70% do valor do imóvel na fase de construção, e o restante, depois da entrega das chaves. Já o público de renda média paga de 20% a 30% até entrega das chaves e financia o resto.

“Na alta renda, o saldo final é pago com dinheiro próprio. Às vezes, esse comprador escolhe tomar empréstimo porque o juro do financiamento é menor do que das suas aplicações”, explica Bonata.

 

A Even adotou a estratégia de concentrar seus lançamentos em projetos de grande porte, situados em bairros nobres, com terrenos em que seja possível oferecer um condomínio com diferenciais de lazer e serviços — o que eleva o preço final das residências.

 

Neste ano, entregou um complexo com residencial e um hotel da marca Fasano e anunciou um novo empreendimento do mesmo tipo em parceria com a grife Faena, da Accor. O projeto será construído em um terreno de 20 mil metros quadrados próximo à Avenida Brigadeiro Faria Lima. Ao todo, ele terá valor geral de vendas estimado em R$ 3 bilhões.

 

Atualmente, um dos maiores símbolos da aposta no mercado imobiliário de luxo é o lançamento do residencial Bueno Brandão 257, na Vila Nova Conceição, em que os apartamentos não saem por menos de R$ 12 milhões. Em outras palavras, são R$ 50 mil por metro quadrado, o que o coloca no topo da tabela de preços da capital paulista. O projeto é da Tegra, que tem mais dois empreendimentos de alto padrão na fila de lançamentos.

 

Com esse tipo de estratégia crescendo entre as incorporadoras, paira a dúvida se haverá gente rica suficiente para comprar os imóveis. Para o presidente da Tegra, Ubirajara de Freitas, a resposta é sim. Segundo ele, a razão está na escassez de lançamentos desse tipo nos últimos anos, quando as empresas priorizaram outros tipos de projetos.

Em São Paulo, os imóveis acima de quatro dormitórios representam apenas 3% do estoque. “A quantidade de gente com poder de compra de alto padrão é muito grande. O difícil é achar terreno em área nobre para esse tipo de projeto”, afirma. 

FONTE: ESTADO DE S.PAULO