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29/01/2016

Incorporadoras têm quarto ano consecutivo de queda

O ano de 2015 foi o quarto consecutivo com redução de lançamentos. O setor manteve a prioridade na venda de estoques, volume engrossado pelo aumento de distratos decorrentes de mais restrições do crédito imobiliário desde maio e pela piora das condições de emprego e renda e dos níveis de confiança do consumidor.

Chiara Quintão

Os lançamentos de imóveis pelas incorporadoras de capital aberto tiveram forte retração em 2015. As prévias operacionais já divulgadas apontam encolhimento de 31,5% no Valor Geral de Vendas (VGV) lançado peças companhias listadas em bolsa, para R$ 10,9 bilhões. No quarto trimestre, a queda foi na mesma proporção, para R$ 3,72 bilhões. Os dados consideram apenas a parte própria das companhias, sem a fatia dos sócios nos empreendimentos.

Cyrela, Direcional Engenharia, Even, EZTec, Gafisa, Helbor, MRV Engenharia e Rodobens Negócios Imobiliários apresentaram seus números operacionais.

O ano de 2015 foi o quarto consecutivo com redução de lançamentos. O setor manteve a prioridade na venda de estoques, volume engrossado pelo aumento de distratos decorrentes de mais restrições do crédito imobiliário desde maio e pela piora das condições de emprego e renda e dos níveis de confiança do consumidor.

Incorporadoras apostaram também na venda de ativos que deixaram de ser considerados estratégicos, como terrenos de algumas regiões, e até mesmo participações em projetos. Essas medidas foram tomadas, principalmente, por empresas com patamar de endividamento elevado.

No consolidado, a retração teria sido maior, se não fosse o desempenho de empresas que atuam nas faixas 2 e 3 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Os dois segmentos são financiados com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que não sofreram restrições.

Das incorporadoras que já divulgaram prévias, apenas MRV e Gafisa elevaram os lançamentos anuais, com expansões de 8,4% e 27,4%, respectivamente. Em 2015, a MRV lançou R$ 4,7 bilhões, quase o dobro da Cyrela, que apresentou R$ 2,36 bilhões ao mercado. Foi o primeiro ano em que a MRV superou em lançamentos a tradicional líder. A MRV é a principal operadora do Minha Casa e atua nas faixas 2 e 3 do programa habitacional.

Na Gafisa, a expansão resultou do aumento de 77,6% dos lançamentos da Tenda, sua divisão de baixa renda. O foco da Tenda são projetos enquadrados na faixa 2 do Minha Casa. Assim como ocorre na MRV, os clientes da companhia também compram imóveis com recursos do FGTS. A Direcional, que tem parte de seus projetos no programa habitacional, apresentou queda de lançamentos durante o ano, mas em patamar de 4%, ou seja, muito inferior ao da maioria das incorporadoras.

Recentemente, foi divulgado o índice Abrainc-Fipe, referente ao trimestre de setembro a novembro de 2015. No período, os lançamentos de imóveis caíram 14,5%, na comparação anual, para 16,8 mil unidades. Em relação ao intervalo de julho a agosto, houve aumento de 12,9%.

No período de setembro a novembro, as vendas encolheram 16% ante o intervalo equivalente de 2014, para 25,1 mil unidades. A comercialização caiu 11,7% ante o trimestre de junho a agosto.

De janeiro a novembro, foram lançadas 48,7 mil unidades e vendidas 97,6 mil unidades, segundo o índice Abrainc-Fipe. O indicador foi desenvolvido pela Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e considera dados de 18 incorporadoras.

 

FONTE: VALOR ONLINE