A paralisação de parte das obras da Tenda, no segundo trimestre e no início do terceiro trimestre do ano passado, em função de decretos públicos decorrentes da pandemia de covid-19, e a pressão de custos de materiais de construção, mais para o fim do ano, fizeram com que a margem bruta da companhia fosse reduzida de 33,2% para 31,1% e o lucro líquido tivesse queda de 24%, para R$ 200, 3 milhões em 2020. A piora do resultado ocorreu apesar de lançamentos e vendas recordes e do crescimento de 17% da receita líquida da incorporadora, para R$ 2,28 bilhões.
No 4º trimestre, a receita líquida da incorporadora cresceu 26,3%, para R$ 685,9 milhões. O lucro liquido caiu 5,6%, para R$ 72 milhões. Já a margem bruta foi de 31,9% para 30,5% no fim de 2020.
Para 2021, a Tenda projeta margem bruta ajustada de 30% a 32%. No ano passado, o indicador caiu 2,8 pontos percentuais, para 32,2%. “A queda teve impacto muito relevante no lucro líquido. Esperávamos 33% de margem bruta ajustada antes da covid-19. A pandemia nos tirou um ponto percentual”, diz o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Renan Sanches.
O impacto da redução da taxa básica de juros no resultado financeiro da Tenda também contribuiu para o lucro menor. Por um lado, houve diminuição de 46,8% das receitas financeiras, para R$ 32,6 milhões. Por outro, as despesas financeiras aumentaram 6,1%, para R$ 55,6 milhões. “Como a Tenda é desalavancada, tomamos dívidas muito mais caras”, afirma Sanches. A companhia encerrou 2020 com caixa líquido de R$ 148,3 milhões. A alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido ficou negativa em 9,8%.
No quarto trimestre, a Tenda consumiu caixa de R$ 54,3 milhões. A queima resultou de aceleração de algumas obras para compensar os reajustes de preços de materiais. No acumulado de 2020, porém, houve geração de caixa de R$ 70 milhões. “Acreditamos que teremos geração de caixa em 2021, ainda que não tão alta como a do ano passado”, diz Sanches.
Isso será possível, na avaliação do executivo, mesmo com os gastos no projeto “off-site” da Tenda, ou seja, de construção industrializada. “Vamos suprir o ‘off-site’ com o ‘on-site’”, afirma o diretor de relações com investidores. Estão previstos, para os próximos quatro anos, aportes anuais de R$ 75 milhões a R$ 100 milhões na fábrica de “wood frame” - painéis com estrutura de madeira -, em Jaguariúna (SP), em terrenos e despesas gerais e administrativas.
A Tenda está importando os equipamentos para a unidade de “wood frame” da sueca Randek. A montagem da fábrica ocorrerá no início do segundo semestre. Há previsão de se chegar ao patamar de 10 mil casas por ano, no sistema industrializado, a partir de 2026. A Tenda pretende, a partir de agora, acelerar a compra de terrenos para o projeto “off-site”. A intenção é atuar, por meio da construção industrializada, em cidades onde não está presente.
Ontem, a RNI Negócios Imobiliários e a Moura Dubeux também divulgaram balanços.
No quarto trimestre de 2020, a RNI elevou seu lucro líquido em 145%, na comparação anual, para R$ 12,9 milhões. A receita líquida caiu 19%, para R$ 77,8 milhões. A margem bruta foi reduzida de 35,9% para 25,4%. A RNI reverteu a despesa financeira líquida de R$ 46 mil em receita financeira líquida de R$ 17,9 milhões. No fim de dezembro, a alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido da companhia era de 47,3%.
A Moura Dubeux reverteu o prejuízo de R$ 31,1 milhões do quarto trimestre de 2019 e obteve lucro líquido de R$ 8,7 milhões de outubro a dezembro do ano passado. A receita líquida cresceu 96,9%, para R$ 190,4 milhões. A empresa elevou sua margem bruta de 20,9% para 27,1%. A incorporadora, que tinha registrado despesa financeira líquida de R$ 45,3 milhões, no período de outubro a dezembro de 2019, teve receita financeira líquida de R$ 4 milhões no quarto trimestre de 2020.