O setor da construção civil espera que os limites de preço dos imóveis enquadrados no programa Minha Casa Minha Vida sejam elevados durante a primeira reunião do Fundo Curador do FGTS sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, na segunda quinzena de junho, afirmaram representantes da indústria nesta segunda-feira (29).
Apesar dos valores terem sido elevados em meados do ano passado, o setor segue reclamando que os aumentos de custos seguem deixando o programa habitacional desatualizado e citaram nesta segunda-feira (29) dados que mostraram forte queda nos lançamentos durante o primeiro trimestre.
Os lançamentos de imóveis residenciais no primeiro trimestre desabaram 44,4% em unidades em comparação com os últimos três meses do ano passado e tombaram 30,2% na comparação com o início de 2022, segundo dados informados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), nesta segunda-feira. Enquanto isso, as vendas também mostraram quedas, mas menos intensas, de 5,2% na comparação trimestral e 9,2% na base anual.
Os dados apontaram para 48,6 mil unidades lançadas no primeiro trimestre, o menor valor desde segundo trimestre de 2016, segundo a Cbic.
"O limite do FGTS não é mais real, está muito defasado sobre a realidade do mercado", disse o presidente da Cbic, José Carlos Martins, em apresentação a jornalistas. "As cidades médias são o principal problema de defasagem de valores", acrescentou.
Martins evitou citar o tamanho da diferença ou quanto a indústria está pleiteando de reajuste no programa, mas afirmou acreditar que a revisão dos valores do teto do MCMV deveria pelo menos incluir a inflação acumulada pela indústria da construção desde a última revisão pelo Fundo Curador do FGTS, no ano passado.
A participação do programa habitacional, que já foi superior a 50% do total lançado pelo setor, terminou março em 35%, com lançamentos em queda de 49% ante o final do ano passado e em baixa de cerca de 42% ante o primeiro trimestre de 2022.
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo IBGE e uma medida sobre a inflação no setor, mostrou em abril alta de 8,05% em 12 meses.
NOVA FAIXA
Para além do reajuste no teto dos imóveis que podem aderir ao MCMV, que nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro está em cerca de R$ 270 mil, a Cbic também defende a criação de uma faixa provisória no programa, uma espécie de "faixa 4", envolvendo valores acima do teto máximo do MCMV mas que também pudesse ser financiada com recursos do FGTS.
"Isso daria uma normalidade no mercado. Tem muito produto lançado no limbo", disse o executivo. Ele se referiu aos imóveis que nem se enquadram no MCMV porque possuem preços maiores que os limites do programa quantos os que não conseguem ser financiados pelo SBPE por conta da alta dos juros e dificuldade no crédito para a população.
E essa tendência de queda nos lançamentos, verificada já há alguns trimestres pela Cbic, deve acabar atingindo o nível de emprego do setor "no segundo semestre ou em 2024", afirmou durante a entrevista Celso Petrucci, presidente da comissão da indústria imobiliária da entidade.
Segundo Petrucci, para além das incertezas e dificuldades no crédito, a demora na definição de novas regras para o MCMV e pelo Fundo Curador está servindo para represamento de vendas e também de projetos pelos incorporadores. "Isso o Conselho Curador tem que levar em consideração também."