Os fabricantes de cimento esperam alta de 1% nas vendas de cimento este ano, depois que a comercialização do material no ano passado recuou mais que o esperado, caindo 2,8%, para cerca de 63 milhões de toneladas, segundo dados divulgados nesta terça-feira (10) pela entidade que representa os produtores do insumo, Snic.
"A construção residencial ainda deverá mostrar um desempenho razoável., e há a possibilidade de incorporação de projetos de saneamento e o programa de habitação popular [Minha Casa Minha Vida] ao longo de 2023", disse o presidente do Snic, Paulo Camillo Penna. "Mas retomar este ano um terço do que perdeu ano passado é extremamente modesto", acrescentou.
A expectativa do setor, que vive um quadro de mais de 33% de capacidade ociosa por falta de demanda, indicava queda de 2% nas vendas no ano passado após crescimento de 6,6% em 2021.
Segundo o Snic, além da alta dos juros que impacta o setor imobiliário há meses, chuvas acima do previsto no final do ano, eleições e mesmo a Copa do Mundo pressionaram as vendas de cimento no ano passado.
Em dezembro, a houve queda de 6,3% no volume vendido sobre o mesmo período do ano anterior, para 4,5 milhões de toneladas, menor volume mensal desde abril de 2020. Por dia útil, a queda nas vendas foi mais intensa, 10,2%, para 186 mil toneladas.
No acumulado do ano, apenas as regiões Norte e Centro-Oeste mostraram crescimentos na comercialização de cimento, de 1,6% cada. Segundo Penna, o Centro-Oeste vem registrando demanda aquecida de infraestrutura com "muita obra rodoviária", enquanto a área imobiliária segue forte. No Norte, segundo ele, houve "aumento importante da autoconstrução e da construção imobiliária".
O Sudeste, maior mercado do país, amargou retração de 3,6%, o Nordeste viu queda de 4,6% e o Sul registrou baixa de 2% nas vendas de cimento no ano passado, segundo os dados do Snic.
Matéria publicada em 10/01/2023