Notícias

07/12/2015

Investidor se afasta da Bolsa e vai para renda fixa

Enquanto o Ibovespa acumulou queda de 9,8% no ano até novembro, o CDI (taxa de empréstimos entre instituições financeiras e referência de retorno de títulos privados) ficou em 11,98%, segundo dados do Banco Central.

Com a Bolsa brasileira caminhando para o terceiro ano consecutivo de perdas, as corretoras reforçaram o leque de produtos de renda fixa. O objetivo é evitar a debandada de investidores pessoas físicas e aproveitar o elevado patamar de juros no país.

Enquanto o Ibovespa acumulou queda de 9,8% no ano até novembro, o CDI (taxa de empréstimos entre instituições financeiras e referência de retorno de títulos privados) ficou em 11,98%, segundo dados do Banco Central.

Ou seja, um CDB (Certificado de Depósito Bancário) com taxa de 80% do CDI proporcionaria remuneração bruta -antes de Imposto de Renda- de 9,58% no período.

"As flutuações na Bolsa acabam afastando o cliente, que prefere a estabilidade dos títulos de renda fixa. É um investidor difícil de conquistar e fácil de perder", afirma Caio Weil Vilares, presidente da Ancord (associação das corretoras e distribuidoras de valores mobiliários).

A avaliação é a mesma de Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Corretora. "A Bolsa atualmente não é mercado de pequeno investidor. No futuro, o varejo voltará a ter importância na Bolsa, quando o cenário estiver menos turbulento", diz.

Na Easynvest, a renda fixa já responde por 75% do negócio. A maior demanda é por títulos públicos, LCI e LCA (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio), CDBs e Letras de Câmbio -títulos emitidos por financeiras.

Na XP Investimentos, a maior corretora independente do país, a área de renda fixa foi criada há quatro anos. "Observamos um aumento muito grande da procura por produtos que oferecessem retorno maior do que a caderneta de poupança", afirma Bruno Saads, gerente de renda fixa da empresa.

Segundo ele, houve aumento significativo após as mudanças de limite no FGC (Fundo Garantidor de Créditos), em 2013. A garantia para instrumentos emitidos por instituições financeiras subiu de R$ 70 mil para R$ 250 mil por CPF e por entidade. "Isso deixou as pessoas físicas com mais segurança para aplicar em corretoras e instituições financeiras com as quais elas não estavam acostumadas, fora dos grandes bancos." Dos cerca de R$ 30 bilhões que a XP possui sob custódia atualmente, R$ 13 bilhões estão na renda fixa.

Segurança - Gustavo Maltauro, responsável por assessoria de investimentos da Gradual, mudou do Rio para São Paulo para cuidar da nova área de renda fixa da corretora. "Vimos um aumento médio de quase 63% de investimento de renda fixa desde 2014 na Gradual.

Segundo ele, no cenário atual, é recomendado que o investidor mantenha a maior parte de sua carteira de investimentos na renda fixa.

"A Bolsa tem que ser alternativa, mas não a principal opção. Trabalho no máximo com 35% a 40% em renda variável", diz. 

 

FONTE: FOLHA DE S. PAULO ONLINE