O setor imobiliário mudou muito em 15 anos. Surgiram empresas que não existiam e muitas ficaram pelo caminho. O que não mudou tanto assim, pelo visto, são os investidores. O segundo semestre vai ser o teste. Conforme o EXAME In apurou, há 20 empresas que planejam captar dinheiro com ofertas iniciais (IPO) na B3. Se todas tiverem sucesso, terão movimentado 20 bilhões de reais com suas operações. O que as empresas de 2020 pretendem levantar é mais do que todas as ofertas de ações realizadas no setor, entre IPOs e ofertas subsequentes, em todos os anos desde que o segmento estreou na bolsa com a listagem da Cyrela, em 2005.
De lá para cá, até o fim de 2019, as vendas de ações movimentaram 19,8 bilhões de reais — 12,8 bilhões de reais em ofertas iniciais. Houve uma febre de IPOs do ramo até 2007. A última a chegar, mas já depois de as operações terem secado, foi a Direcional Engenharia, há mais de dez anos.
A overdose foi tanta que a B3 ficou uma década sem um único IPO de uma companhia imobiliária. No ano passado, as já listadas voltaram a captar e levantaram 2,9 bilhões de reais — o que mostrou que o apetite do mercado pelo segmento tinha ressurgido. O setor ficou oito anos sem qualquer atividade na bolsa.
No total, da Cyrela até a Direcional, 22 companhias chegaram na bolsa entre 2005 e 2009. Se todas que tiverem plano agora conseguirem, 2020 fará literalmente cinco anos de euforia em um só. Antes de a pandemia do coronavírus se espalhar pelo Brasil, duas novatas estrearam, a Mitre e Moura Dubeux.
Ontem, começou o período de reserva para as ações da Lavvi, uma investida da Cyrela para o setor de alta renda e luxo. A oferta pode movimentar cerca de 1,6 bilhão de reais. A precificação está prevista para dia 31 e a estreia no pregão, para 2 de setembro. Na visão dos potenciais compradores, é um dos melhores ativos do ano para vir, junto com dois outros do mesmo grupo, as empresas dedicadas ao segmento econômico Plano & Plano e a Cury.