A carteira de crédito do Itaú em outros países da América Latina - Chile, Colômbia, Argentina, Paraguai e Uruguai - avançou 9,8% para R$ 68,362 bilhões no primeiro trimestre de 2016. No Brasil, o crédito encolheu para pessoas físicas (-1,6%) e jurídicas (-9,9%).
"O Itaú quer ser reconhecido como um player muito importante na América Latina, então crescer nesse mercado latino-americano - dentro do apetite de risco que o banco tem - é parte de nossa estratégia", respondeu ao DCI, o diretor de relações com investidores do Itaú, Marcelo Kopel, em teleconferência de resultados financeiros, realizada ontem.
Ao todo, a carteira de crédito expandida do Itaú recuou 4,2% para R$ 554,25 bilhões, afetada pela fraca atividade econômica no Brasil, na comparação com igual primeiro trimestre de 2015.
Segundo o diretor Marcelo Kopel, essa posição ao final do último mês de março ainda não considera a aquisição de mais uma instituição financeira na América Latina. "A aquisição do Corp Banca no Chile e na Colômbia representa um acréscimo de R$ 77 bilhões na carteira da região", disse.
Kopel explicou que a fusão entre o Itaú Chile e Corp Banca foi concluída no último dia 1° de abril.
"A fusão com Corp Banca conversa com nosso apetite de crescer fora do Brasil, não temos uma meta de share [participação], mas uma estratégia de gerar resultados sustentáveis", diz.
De acordo com dados apresentados ontem pelo diretor, a carteira América Latina, sem avais e fianças que era de R$ 65,2 bilhões em março, evoluiu para R$ 142,9 bilhões em 1° de abril último com a entrada do Corp Banca na base. A posição em crédito no Chile passou de R$ 42,3 bilhões para R$ 92,8 bilhões. Na Colômbia, o saldo em carteira aumentou de R$ 3,4 bilhões para R$ 30,7 bilhões.
Na prática, o Itaú agora é a quarta maior instituição financeira do Chile e ocupa a quinta posição na Colômbia. O banco ainda possui uma carteira de R$ 6,8 bilhões no Uruguai, R$ 6,7 bilhões no Paraguai e R$ 5,9 bilhões na Argentina.
Com a fusão Itaú e Corp Banca, o volume em ativos nesses cinco países da América Latina (excluindo o Brasil) avançou de R$ 94,3 bilhões para R$ 209,5 bilhões. O número de agências e postos de atendimento aumentou de 245 para 549. E a força de trabalho avançou de 6,124 mil para 13,512 mil colaboradores.
Em termos de volume de crédito, a carteira América Latina que antes representava 14,6% do total, agora passa a representar 27,3% das operações do Itaú Unibanco. Em ativos, essa representatividade subiu de 7,3% para 15%.
Queda no resultado - O lucro líquido recorrente do Itaú encolheu 9,9% para o montante de R$ 5,235 bilhões no primeiro trimestre de 2016, ante igual período do ano passado. Ao passo que o lucro líquido não recorrente recuou 9,6% para R$ 5,184 bilhões.
O diretor de RI do Itaú justificou a queda citando o aumento de 18,2% nas despesas de provisão para crédito de liquidação duvidosa (PDD) aliada a redução de 44% nas receitas com recuperação de crédito baixados com prejuízo. "No caso da pessoa jurídica (PJ), a PDD tem um caráter antecipatório. Nós estamos nos preparando desde 2014 para esse aumento das provisões", afirmou Marcelo Kopel.
Nos últimos 12 meses encerrados em março, o saldo total de PDD específica (mínima) e complementar do Itaú saltou de R$ 28,354 bilhões para R$ 36,036 bilhões, volume destinado para cobrir os eventuais prejuízos com calotes. A inadimplência superior a 90 dias das micro, pequenas e médias empresas subiu de 3,3% em março de 2015 para 4,3% em março de 2016. Nas grandes empresas, os atrasos aumentaram de 1% para 1,3% em igual período de comparação.
Já o calote de pessoas físicas aumentou para 5,6% em março último, ante 4,5% registrado em igual período do ano passado. "Na pessoa física, os dados mostram que há uma grande concentração de compromissos no primeiro trimestre", disse Kopel, sobre o efeito de sazonalidade dos atrasos no início do exercício de 2016.
Ao se excluir os dados de crédito de outros países da América Latina, percebe-se que a carteira de crédito para pessoas físicas no Brasil recuou 1,6% em 12 meses impactado pela queda de 31,2% no financiamento de veículos, mesmo com o crescimento de 4,8% em operações de consignado e do avanço de 17,1% em financiamento imobiliário.
Na carteira de pessoa jurídica, o saldo retraiu 9,9% em igual comparação. A posição de grandes empresas retrocedeu 9,8%, e a de micro, pequenas e médias em 9,9%. No detalhe por produto financeiro, o Itaú destacou a diminuição de capital de giro (-13,3%), dos repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 19,1%. Na ponta positiva, o crédito rural para empresas subiu 12,8%.