O crédito imobiliário sustentável para pessoas física começa a decolar no Itaú Unibanco. O banco vai começar a oferecer menor taxa de financiamento habitacional no momento da contratação para quem adquirir apartamentos em prédios com certificações sustentáveis, num programa chamado de “Repasse Verde”.
A iniciativa é um desdobramento do “Plano Empresário Verde”, que financia com taxas especiais empreendimentos que atendem exigências de certificações de construção sustentável. A iniciativa abrange projetos certificados pelos selos Edge, da International Finance Corporation (IFC, unidade do Banco Mundial para o setor privado) ou Aqua-HQE, da Fundação Vanzolini. Segundo o diretor comercial do segmento imobiliário do Itaú BBA, Bruno Bianchi, a instituição tem negociações para incluir também o padrão Leed, gerido pelo GBCI Brasil.
O benefício do Repasse Verde, por sua vez, vai ser aplicado às operações de compra financiada por pessoas físicas, envolvendo justamente os projetos incluídos no Plano Empresário Verde. Atualmente, são cerca de 24 empreendimentos habilitados no plano, somando R$ 3,5 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV).
“Depois do Plano Empresário Verde, entendemos que era importante incentivar e trazer um benefício para a ponta do cliente final, com condições de precificação diferenciada”, afirma o diretor de crédito imobiliário e consórcios do Itaú, Thales Ferreira da Silva.
A solução, de acordo com o executivo, nasceu “da visão integrada de atuação entre banco de atacado e de varejo”.
O Itaú, atualmente, oferece taxas para o crédito imobiliário entre 9,5% mais taxa referencial de juros (TR) e 9,99% mais TR. “Nesse momento então, a taxa de 9,5% é a menor que vamos oferecer”, diz Silva. O diretor de crédito imobiliário, no entanto, ressalva que as condições de financiamento mudam conforme cenário financeiro e de mercado. “É claro que a taxa pode estar diferente no momento de entrega da obra devido ao cenário macro, de funding e taxas.”
Isso significa que, se houver corte de juros pelo Banco Central, como é esperado pelo mercado para 2023, esse custo pode diminuir.
“Com o Repasse Verde e fechando o ciclo [do crédito verde aos incorporadores], a gente entende que o nível de interesse e a adesão de novas empresas de construção ao Plano Empresário Verde vai aumentar bastante”, afirma Bianchi. “Quando a pessoa física observar que há condições melhores de crédito [na aquisição de unidades residenciais verdes], pode gerar um aumento de demanda para os projetos com as certificações.”
O diretor do segmento imobiliário do Itaú BBA afirma ainda que “o desenvolvimento de soluções que trazem o arcabouço e ESG [sigla em inglês para ambiente, social e de governança] é ser cada vez mais presente na atuação do banco”. Bianchi lembra ainda que as certificações verdes para edificações trazem metodologias que tendem a tornar os empreendimentos mais econômicos em termos de consumo de água e energia. “Isso tende a ser um benefício extra para o futuro morador.”
Matéria publicada em 18/11/2022