A queda da taxa de juros básica da economia para o piso de histórico de 2% ao ano poderá se tornar mais palpável ao consumidor que vai comprar um imóvel. Essa é a mensagem do Itaú Unibanco, que lançou um pacote de linhas de crédito para o setor imobiliário. Para a pessoa física, uma das novidades será a possibilidade de fazer o financiamento imobiliário com a taxa atrelada ao rendimento da poupança, algo inédito. Se a contratação fosse hoje, a taxa ao ano seria de 5,39% - 25% menor do que a média do mercado, segundo dados do Banco Central (BC).
Na nova linha, o Itaú combinou uma taxa fixa de 3,99% que será somada ao rendimento da poupança, atualmente em 1,4%. Será a parte variável nessa equação. Como as regras do BC definem que o teto de rendimento da poupança é de 6,17% ao ano, a taxa nunca passará de 10,16% ao ano. "Aproveitamos o momento para chegar a um patamar de taxas que antes não eram viáveis", disse o diretor executivo do Itaú Unibanco, Alexandre Zancani.
No financiamento imobiliário tradicional, o banco também anunciou mudanças. Reduziu para todos os clientes a taxa de TR + 7,3% ao ano para TR + 6,9% ao ano. Nessa linha, ao contrário da atrelada à poupança, o cliente sabe quanto pagará durante todo o contrato.
Segundo o Zancani, o modelo agradou na fase piloto, principalmente a alta renda. "De acordo com o patamar de juros, uma linha ou outra será mais atrativa", diz ele. A nova linha de crédito valerá para imóveis residenciais, terá até 30 anos de prazo para pagamento e exigirá uma entrada mínima de 10% do valor de avaliação do imóvel.
Em outra frente de atuação, o Itaú lançou uma linha de crédito que usa o próprio imóvel como garantia. Conhecido como "home equity" fora do Brasil, é um modelo bastante explorado em mercados mais maduros. O cliente com imóvel financiado no Itaú pode pegar dinheiro emprestado - e usá-lo para qualquer propósito. Ele pode tomar o mesmo valor do saldo devedor, mas com a limitação de até 90% do valor do imóvel.
O pagamento dessa nova dívida será o prazo do financiamento imobiliário: se o cliente ainda tem 10 anos para pagar seu imóvel, a nova dívida também terá esse prazo. Como o imóvel é a garantia do empréstimo, o juro é menor do que em outras linhas de crédito pessoal.
Zancani diz que é preciso um tempo para que a nova modalidade seja conhecida pelos clientes, mas que seu potencial de crescimento é muito grande. "É uma possibilidade de maior organização e uma alternativa de mais fluidez entre as linhas", diz.
Com as novidades, a ideia do banco não é de substituir nenhuma linha de crédito, mas aumentar o leque de produtos disponíveis. Segundo o diretor de Crédito Imobiliário do Itaú Unibanco, Danilo Caffaro, o banco estava em busca de uma forma de conseguir repassar a queda recente da Selic.
Zancani concorda e diz que o Itaú Unibanco está se posicionando para a "transformação do crédito" no Brasil, possível com os juros baixos. Essa mudança, segundo ele, vai além do crédito imobiliário e acontece graças à inovação e com o banco colocando, lado a lado, a área de tecnologia, fundamental nessa busca de soluções.
Como parte de sua estratégia, o Itaú pretende ainda fechar sua presença no ciclo de vida do imóvel, por meio de financiamento às incorporadoras. O diretor Comercial Imobiliário no Itaú BBA, Thales Ferreira, diz que a instituição vem conversando intensamente com os empresários do setor e lançou uma linha voltada às incorporadoras, de forma a atender essa demanda. "O momento do setor é muito positivo: há um novo patamar estrutural de juros, o déficit habitacional continua como uma alavanca de crescimento, ao mesmo tempo em que há o melhor arcabouço jurídico e as novas formas de vendas", afirma Ferreira.