Mesmo em um ano de forte retração econômica devido aos efeitos da pandemia de covid-19, o ritmo de contratações do programa Minha Casa Minha Vida, que está sendo substituído pelo Casa Verde e Amarela, está acelerado o que tem animado o setor de construção que já trabalha com o cenário de um 2021 ainda melhor.
O desempenho positivo está relacionado à queda da taxa de juros, ao fato dos subsídios do programa passarem a ser integralmente bancados pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), aumento dos recursos da caderneta de poupança para a compra da casa própria e medidas adotadas pela Caixa como uma pausa no pagamento de empréstimos não só para pessoa física como para incorporadoras e construtoras. Neste ano, não houve um esgotamento da suplementação orçamentária como acontecia em períodos anteriores em meados de outubro.
O secretário nacional de Habitação do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Alfredo Eduardo dos Santos, reforçou que as medidas adotadas como no FGTS e na Caixa contribuíram para que “não tivesse uma parada” nas contratações mesmo com um cenário econômico mais adverso.
Ele lembrou que, no início do ano, o governo deu previsibilidade para as construtoras de que não haveria atrasos nos pagamentos e isso estimulou o setor a continuar operando. Para 2021, o secretário afirmou que para fazer uma avaliação mais precisa sobre o comportamento do segmento é necessário ver como vai se comportar a recuperação do emprego.
Santos destacou ainda que, com o programa Casa Verde e Amarela, aprovado recentemente pelo Congresso Nacional e que agora só depende da sanção pelo presidente Jair Bolsonaro, a expectativa é de que haja um aumento das contratações, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste, onde a taxa de juros será inferior ao que é aplicado em outras regiões. O Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR) está trabalhando no decreto para regulamentar o programa substituto do MCMV.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, disse que o setor vem batendo recordes de contratação a cada mês. Ele reforçou que os juros mais baixos, redução da remuneração do FGTS para Caixa e o fato do fundo dos trabalhadores ter assumido integralmente os descontos concedidos na compra do imóvel no MCMV deram ânimo para o segmento operar sem a preocupação de que haveria contingenciamento de recursos orçamentários. Segundo Martins, o setor já mais que compensou a retração verificada no início da pandemia. A tendência é que o cenário positivo para se mantenha em 2021 devido ao baixo estoque de imóveis e o aumentos dos lançamentos.
Na Caixa, a carteira de crédito imobiliário atingiu em outubro a marca histórica de R$ 500 bilhões nessa modalidade. Desde o início do ano passado até setembro deste ano, foram concedidos R$ 172 bilhões em crédito imobiliário, beneficiando 887 mil famílias e 2,8 milhões de pessoas. No mesmo período, foram contratados 3,6 mil empreendimentos para a produção de 483 mil novas unidades habitacionais, gerando 1,2 milhão de empregos diretos e indiretos.
Um exemplo de que a contratação no âmbito do MCMV segue forte neste fim de ano é a construtora Ribeiro Caram que, por meio de sua incorporadora ImCasa, está fechando três novos projetos em São Paulo para empreendimentos na faixa 2 do programa. O vice-presidente da Ribeiro Caram, Sadak Leite, explicou que a demanda por compra de imóveis está grande devido aos juros mais baixo. “A redução dos juros incentiva os investimentos de mais longo prazo”, frisou Leite.
Segundo ele, com o coronavírus, houve uma redução nas contratações no primeiro semestre. Mas, depois do “pé no freio, muitas pessoas buscaram comprar a casa própria até porque o rendimento de algumas aplicações financeiras, com a queda de juros, tem se reduzido. A avaliação é que 2021 será ainda melhor que este ano pois a disponibilidade de recursos – não só do FGTS como da caderneta de poupança – para financiamento imobiliário têm crescido. “Temos uma perspectiva positiva que vai continuar acelerando a venda”, destacou. A ImCasa assinou 190 unidades contratos em 2019 e 132 unidades em 2020. A previsão é que sejam assinados contratos com a Caixa para 1.460 unidades em 2021 e 1.220 em 2022.