Notícias

31/01/2020

Juro do financiamento imobiliário ainda pode cair, mas não como antes

Segundo associação do setor, piso da taxa de juros atrelada à TR não deve ser menor que 6,5% ao ano

A presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Cristiane Portella, diz que no atual cenário de juros baixos há pouco espaço para redução das taxas do financiamento imobiliário, pós-fixado, com correção pela Taxa Referencial (TR).

“Ainda existe espaço para queda dos juros, mas não como antes. O piso seria em torno de 6,5% a 6,7%, mas nunca tivemos taxas tão atrativas como agora. Saímos de taxas de 11% para 7,5% ao ano. A gente não vai viver algo na mesma magnitude da redução de taxas”, afirma.

De acordo com Cristiane, se houver queda de taxas mais significativas, elas deverão vir acompanhada de novas linhas de crédito, como aquelas atreladas à inflação IPCA (Índice de preços no consumidor). Essas linhas têm taxas fixas menores, mas apresentam maior risco por conta da volatilidade do indexador, que é a inflação.

A representante da associação diz ainda que as taxas de juros nunca vão cair na mesma proporção que a Selic (taxa básica de referência de juros no Brasil). Quando os bancos travam uma taxa fixa em um empréstimo de longo prazo, acabam mais expostos ao risco de possíveis altas das taxas ao longo dos anos. “As taxas não caem tão diretamente proporcional à Selic porque trabalhamos com financiamentos de 30 anos, 35 anos”, afirma.

A Abecip estima que a Selic deva ser cortada para 4,25% ao ano na próxima reunião no Comitê de Política Monetária (Copom). Mesmo assim, pela projeção dos juros futuros, em cinco anos, a Selic poderá voltar ao patamar de 6,2% ao ano.

Por isso a aposta de Cristiane é de que os juros do empréstimo não caiam mais que 6,5% ao ano nas linhas indexadas à TR. Do contrário, a margem de ganho com juros seria considerada muito pequena para os bancos.

O banco costuma remunerar o investidor bem menos do que cobra de juros do tomador de crédito. Dessa forma, ele se capitaliza por meio do chamado spread bancário (que é justamente a diferença entre o que ele paga pelo seu dinheiro e o que cobra de quem pega empréstimo).

Por isso, argumenta Cristiane, baixar demais as taxas de juros no atual ciclo pode significar uma perda significativa no spread num futuro não tão distante.

FONTE: VALOR ECONôMICO