Os juros altos e o aumento na procura estão pressionando o valor dos aluguéis. Em muitas capitais, a alta ficou bem acima da inflação
Chave na mão e um sorriso no rosto. “Está maravilhoso! Amanhã já trago tudo para cá, já venho para cá com a minha filha. Vai ser ótimo, com certeza!”, diz a psicóloga Elisa Lengler.
A Elisa conseguiu encontrar um apartamento que atendeu a necessidade da família. É um pouco menor que o antigo, mas o preço do aluguel vai ser quase o dobro.
“Já desde o ano passado a gente percebe esse aumento nos aluguéis e não só dos aluguéis, como nos condomínios”, relata Elisa Lengler.
A Bruna Borges veio de Sergipe para Santa Catarina e ficou surpresa.
“Comparado aos preços que eu estava adaptada na minha cidade é, assim, três vezes maior o valor”, conta a empresária.
Em todo o país, essa alta nos preços dos aluguéis residenciais tem levado muita gente a buscar alternativas que cabem no bolso. Apartamentos de um quarto estão entre os mais procurados nas imobiliárias. Um deles acabou de ser reformado e já tem uma fila com mais de 20 pessoas esperando por ele.
“Muitos desses imóveis chegam na empresa pela manhã e são locados no mesmo dia, no período da tarde”, afirma o diretor de imobiliária, Leandro Ibagy.
Na variação anual acumulada até junho, em 8 das 11 capitais pesquisadas, a alta superou tanto o IPCA como o IGPM, que serve de referência para muitos contratos de aluguel. Florianópolis ficou em primeiro, de acordo com a pesquisa feita com imóveis anunciados na internet.
Além da alta na inflação e a volta ao trabalho presencial, que aquecem a procura nos grandes centros, a oferta de novos apartamentos não acompanhou a demanda.
“Os prédios que estão sendo entregues hoje, eles foram pensados e iniciados lá em 2017, 2018. E naquela época havia crise, então lançou-se poucos prédios e está se entregando poucos prédios”, explica o representante da Associação Brasileira de Mercado Imobiliário de Florianópolis, Marcos Alcauza.
A alta na taxa de juros também deixou muita gente mais distante de comprar um imóvel, mantendo a alternativa do aluguel por mais tempo.
“O financiamento imobiliário tem ficado mais caro em todo o Brasil. Não só porque o preço médio do móvel tem aumentado, mas principalmente porque as taxas de juros de financiamentos imobiliários estão mais caras, o que tem diminuído a acessibilidade das famílias brasileiras a financiamentos imobiliários”, diz o economista do DataZAP+, Pedro Tenório
“Somente a oferta de imóveis em abundância será capaz de frear os preços do mercado, tanto de compra e venda como de aluguel”, diz Leandro Ibagy.
Matéria publicada em 02/08/2022