A MRV Engenharia está mantendo sua programação de lançamentos e vendas para o segundo trimestre, apesar das mudanças decorrentes de restrições para evitar disseminação maior do coronavírus. Segundo Rafael Menin, copresidente da maior incorporadora do país, caso a crise se acentue, no próximo mês, os planos de apresentação de projetos ao mercado poderão ser revistos.
Em busca de elevar a taxa de conversão de vendas, a companhia começou a adotar, na segunda quinzena de março, estratégia comercial mais agressiva, com concessão de descontos e adoção de condições mais flexíveis de pagamento. “Neste momento, a geração de caixa é mais importante do que a margem”, diz. Segundo ele, a MRV tem como objetivo não diminuir de tamanho na crise. A incorporadora já fez lançamentos virtuais e tem outros previstos. “Nossa plataforma virtual estava pronta para isso.”
Cerca de 40% dos plantões de vendas da MRV estão fechados. Nos estandes em funcionamento, o número de corretores foi reduzido, e as visitas estão ocorrendo de forma agendada, segundo o executivo. “Temos uma plataforma digital extremamente robusta. O cliente consegue realizar 90% do processo de compra em casa, com o mínimo de contato físico possível”, diz Menin.
Justamente por causa do fechamento de plantões em diversas cidades, parte dos lançamentos foi postergada no primeiro trimestre. O Valor Geral de Vendas (VGV) lançado caiu 1%, na comparação anual, para R$ 1,08 bilhão. Já as vendas líquidas chegaram ao recorde de R$ 1,67 bilhão, no período, com expansão de 27,9%. Segundo o copresidente, os descontos contribuíram para esse resultado.
No trimestre, a MRV consumiu caixa de R$ 183,5 milhões devido à intermitência na liberação de recursos da União para compor a parcela de 10% dos recursos subsidiados das faixas 2 e 3 programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Os demais 90% da subvenção são originados do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Essa inconstância na liberação de recursos da União a levou a suspender, há seis meses, a modalidade de “venda garantida”, em que a comercialização só é registrada quando o cliente obtém o financiamento da Caixa Econômica Federal.
No trimestre, as vendas líquidas superaram os repasses em 3.741 unidades. Em março, foi determinado que os subsídios para as faixas 2 e 3 do programa sejam concedidos apenas pelo FGTS. Por causa disso, a MRV não espera novos “soluços” na liberação dos repasses, neste ano, segundo o presidente.
A fatia de obras paralisadas devido a decretos públicos já chegou a 25% e está hoje em 15%. Para Menin, esse percentual tende a cair, em duas semanas, à medida que os sindicatos da construção conseguirem comprovar “a qualidade sanitária dos canteiros e equipamentos de proteção individual utilizados”. Na área administrativa, 80% dos funcionários estão em “home office”.