O setor de incorporação, que começou o ano com expectativa de elevar lançamentos, teve queda de quase 45% nos projetos residenciais apresentados ao mercado no primeiro semestre, na comparação anual, na cidade de São Paulo, de acordo com levantamento da área de Inteligência de Mercado do Grupo Zap.
O Valor Geral de Vendas (VGV) lançado caiu de R$ 7,18 bilhões, de janeiro a junho de 2017, para R$ 3,96 bilhões, nos seis primeiros meses deste ano, no maior mercado imobiliário do país.
Em volume, os lançamentos tiveram retração de 40%, passando de 13.357 unidades para 8.016 unidades, segundo o levantamento do Zap.
“Houve uma frustração muito grande das expectativas, com redução de lançamentos, em vez do crescimento esperado”, afirma o vice-presidente de inteligência de mercado do Zap, Caio Graco Bianchi. Segundo o executivo, as empresas esperavam, no início do ano, crescimento de 15% a 20% em 2018. Na avaliação do executivo, é provável que o setor lance mais empreendimentos no segundo semestre do que na primeira metade do ano, mas isso não significará crescimento neste ano.
A principal razão para que as incorporadoras tenham lançado menos empreendimentos do que o inicialmente esperado foi a liminar que suspendeu, por quase três meses, o chamado direito de protocolo na capital paulista. Esse direito assegura que projetos protocolados antes de a nova Lei de Zoneamento ter entrado em vigor possam seguir as regras antigas.
A liminar foi cassada no dia 16 de maio, mas o volume de lançamentos do segundo trimestre foi comprometido, na capital paulista, apesar dessa reversão, pois as incorporadoras ainda precisaram obter as licenças antes de lançar os projetos. “Quase 90 lançamentos foram afetados, no total de 19 mil unidades. Há expectativa de que pelo menos parte dessa perda seja revertida”, afirma o executivo do Zap.
A EZTec, que teve elevado volume de projetos com processo de aprovação suspenso enquando a liminar vigorou, não lança projetos desde fevereiro. A Tegra adiou um lançamento do primeiro semestre para agosto. A Vitacon poderia ter apresentado R$ 350 milhões adicionais, no primeiro semestre, se o direito de protocolo não tivesse sido suspenso por quase três meses. A Mitre teve um projeto postergado devido à liminar. Em maio, a Cyrela divulgou que lançaria menos neste ano do que previa inicialmente devido à suspensão temporária do direito de protocolo.
“A questão da liminar foi solucionada rapidamente, mas a queda do nível de confiança após a greve dos caminhoneiros e as turbulências provocadas pelas incertezas políticas estão nos levando a revisar nossas estimativas para o ano”, conta o presidente do Secovi-SP, Flávio Amary. Oficialmente, a entidade espera crescimento do setor, neste ano, na capital paulista.
Nas últimas semanas, o ritmo de lançamentos tem sido prejudicado também pela Copa do Mundo, período em que as incorporadoras preferem postergar a apresentação de empreendimentos ao mercado.
No primeiro semestre do ano passado, os lançamentos imobiliários residenciais cresceram 38% ante o mesmo período de 2016 na cidade de São Paulo. “O mercado entendeu que era o início da retomada. Havia um conjunto de perspectivas positivas que foram frustradas em 2018”, diz o executivo do Zap.
No segundo trimestre, a liminar que suspendeu por quase três meses o direito de protocolo, as incertezas políticas e o crescimento da economia abaixo do esperado se refletiram na redução do ritmo de compra de terrenos na capital paulista.