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04/04/2022

Linha de microcrédito da Caixa tem alta procura

Os R$ 3 bilhões disponíveis como garantia para o Sim Digital, programa de microcrédito para empreendedores da Caixa Econômica Federal, devem acabar em duas semanas

Os R$ 3 bilhões disponíveis como garantia para o Sim Digital, programa de microcrédito para empreendedores da Caixa Econômica Federal, devem acabar em duas semanas. O cálculo é do presidente da instituição financeira, Pedro Guimarães. Uma renovação da linha é possível, na avaliação do executivo, embora a decisão não dependa da Caixa. Mas, mesmo com as perspectivas positivas para o microcrédito, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia pode ser, em um prazo mais longo, uma fonte de obstáculos para o crescimento do banco, com possíveis impactos sobre as operações de crédito rural, por exemplo.

 

“Eu quero emprestar [por meio do Sim Digital] para cinco milhões de pessoas”, afirmou ao Valor o presidente da Caixa.

Lançado na segunda-feira da semana passada, o Sim Digital já aprovou empréstimos para 1,9 milhão de pessoas. Para pessoas físicas, os valores vão de R$ 300 a R$ 1 mil, com taxas de juros mensais a partir de 1,95%. Para empresas, as contratações vão de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil, com taxas mensais a partir de 1,99%. Em ambos os casos, o prazo para que os empréstimos sejam quitados é de 24 meses. Já os R$ 3 bilhões de garantia estão no Fundo Garantidor do Microcrédito (FGM), administrado pela própria Caixa.

 

Apesar do grande volume de empréstimos aprovados, o número de operações efetivamente contratadas é bem menor, por enquanto: pouco mais 78,5 mil para pessoas físicas e 84 para pessoas jurídicas, de acordo com balanço da própria instituição financeira. Já os tíquetes médios estão, respectivamente, em aproximadamente R$ 872 e R$ 2,9 mil.

Guimarães lembra também que a decisão de prorrogar o programa cabe ao conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS), de onde vêm os recursos do FGM. “Mas acho que sim [é possível]”, diz. Além do microcrédito, é perceptível “uma demanda por empréstimos fortíssima” nas áreas em que o banco mais atua, como nas operações para os setores imobiliário e agropecuário para empresas de até médio porte.

 

“Se houver outra rodada do Pronampe, [o espaço para crescimento] é ainda maior”, afirma, referindo-se ao Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).

Por sua vez, o conflito na Ucrânia é um fator que pode atrapalhar os planos de expansão da Caixa. Um canal de impacto negativo seria as piores perspectivas para a atividade econômica. Outro se daria por meio das operações de crédito rural, setor para o qual a instituição financeira tem dado cada vez mais atenção. Segundo ele, a guerra pode afetar negativamente a oferta de fertilizantes no Brasil, o que impactaria de maneira também negativa a produção agropecuária. “No meio do caminho a gente teve uma crise, uma guerra relevante”, afirmou o presidente da Caixa na sexta-feira, de Mossoró (RN), para onde viajou a fim de inaugurar uma agência voltada para o crédito rural.

Se o conflito na Europa é uma fonte de preocupação, a mesma coisa não pode ser dita da paralisação dos servidores do Banco Central (BC). “Não tem impacto na Caixa não, o impacto é zero.

 

Matéria publicada em 04/04/2022

FONTE: VALOR ECONôMICO