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20/02/2024

Liquidatários da chinesa Evergrande se preparam para processar PwC (Valor Econômico)

Auditora trabalhou para a incorporadora durante a forte expansão do setor imobiliário da China

Especialistas da Alvarez & Marsal, empresa contratada para realizar a liquidação da falida incorporadora imobiliária chinesa Evergrande, estão se preparando para processar a PwC por conta de auditorias realizadas pela companhia ao longo de uma década. O processo pode levar a auditora, uma das quatro maiores empresas de seu setor, a enfrentar acusações sérias de negligência no período em que prestou serviços à Evergrande.

Os especialistas da Alvarez & Marsal apontados no mês passado como liquidatários da incorporadora chinesa, Eddie Middleton e Tiffany Wong, conversaram com pelo menos dois escritórios de advocacia sobre a possibilidade de entrar com uma ação contra a PwC, de acordo com três fontes consultadas pela reportagem.

Para levar a acusação à frente, os liquidatários teriam de construir um caso com a conclusão de que os erros da PwC prejudicaram os credores, afirmaram as fontes. Os liquidatários estão "tomando medidas para proteger [sua capacidade de apresentar] reivindicações legais contra os auditores", disse uma das pessoas.

Incorporadora imobiliária mais endividada do mundo, com mais de US$ 300 bilhões em passivos, a Evergrande entrou em default em 2021, desencadeando uma crise de caixa mais ampla no setor imobiliário da China. Várias tentativas de chegar a um acordo sobre um plano de reestruturação fracassaram.

As conversas dos especialistas da Alvarez & Marsal com advogados são sinais prévios sobre como esta última fase do colapso da Evergrande - que começou no mês passado com uma corte de Hong Kong ordenando que a empresa fosse liquidada - pode resultar em custos significativos para firmas globais.

As conversas sobre uma possível ação legal ainda estão em fase inicial, ponderaram as fontes, acrescentando que a existência dessas discussões não indica que os liquidatários da Evergrande têm evidência irrefutável de má conduta da PwC, ou mesmo que o processo de fato ocorrerá.

“Na última década, processar um auditor se tornou algo, de certa forma, normalizado como uma forma de recuperar valor [para os credores]”, disse um especialistas em insolvência sem envolvimento no caso da Evergrande. Ele disse que as acusações contra auditores e outros profissionais consultores “se tornaram algo que um liquidatário analisa naturalmente em um caso de vários bilhões de dólares”.

A PwC foi auditora da Evergrande quando a incorporadora tornou-se pública em 2009 e assinou seus livros contábeis enquanto ela se expandia rapidamente usando uma alavancagem impressionante durante a explosão imobiliária da China. A consultoria renunciou ao cargo no ano passado.

Duas das fontes disseram que era comum que os liquidatários agissem rapidamente para preservar seu direito de mover uma ação judicial contra consultores profissionais, para que não fossem impedidos posteriormente pelo estatuto de limitações. Segundo elas, de acordo com a legislação de Hong Kong, os liquidatários geralmente têm seis anos a partir de qualquer alegação de irregularidade para entrar com um processo, a menos que um período diferente tenha sido acordado com antecedência.

As fontes acrescentaram que poderia levar muito tempo para qualquer ação judicial se concretizar porque os liquidatários precisariam coletar evidências de quaisquer erros cometidos pelos auditores e construir um caso em que os credores tivessem perdido por conta desses erros.

Middleton e Wong, da Alvarez & Marsal, e a PwC, se recusaram a comentar.

FONTE: VALOR ECONôMICO