A marca Living foi criada pela Cyrela em 2006 para abrigar os empreendimentos de padrão econômico do grupo. Oito anos depois, passou a representar as unidades de médio padrão, enquanto a própria Cyrela investia mais pesado no alto padrão.
De 2014 para cá, a Living se consolidou como a marca para médio e médio-alto padrão do grupo, elevou o tamanho dos seus apartamentos e o preço médio das unidades.
Também aumentou o volume de vendas, que cresceram 25% no semestre, para cerca de R$ 500 milhões, mesmo com um mercado mais difícil, devido à elevação da taxa de financiamento imobiliário, que afeta a classe média com mais força.
André Mesquita, gerente de negócios da Living, conta que o tamanho médio dos apartamentos subiu de 50 a 60 metros quadrados em 2014 para unidades de até 130 metros quadrados.
Acompanhando o aumento na metragem, o preço médio das unidades passou de R$ 300 mil a R$ 400 mil em 2014 para os atuais R$ 900 mil. A Living lança hoje na faixa entre R$ 8 mil e R$ 12 mil por metro quadrado - em 2018, foi criada uma nova marca do grupo para o segmento econômico, a Vivaz.
“Esperamos consolidar a marca Living como protagonista”
O último lançamento da Living, o quarto colocado na rua neste ano, segue esse padrão. O Hectare, vizinho do shopping Anália Franco, na Zona Leste, tem unidades de 76 a 122 metros quadrados e preço médio de R$ 11,3 mil por metro quadrado.
Seu projeto foi protocolado na prefeitura antes do atual Plano Diretor da cidade, o que permite que seja menos adensado - são duas torres e 252 unidades em um terreno de cerca de 11 mil metros quadrados. Cerca de 70% do espaço será mantido como área verde, apesar da proximidade com o parque Ceret, o principal da ZL, que fica a 1,3 quilômetro do empreendimento.
As vendas surpreenderam. No primeiro final de semana, foram comercializadas ao menos 100 das 222 unidades à venda (o restante é de permutas). “As vendas têm nos deixado mais corajosos para lançar mais”, diz Halhine Lopes, gerente comercial.
A companhia constrói em bairros próximos ou já dentro do centro expandido, mas que não são os mais caros da cidade. Como afirma Mesquita, seus projetos por vezes funcionam como um ponto de migração para as pessoas que vivem em bairros mais distantes e veem uma oportunidade de se aproximar de regiões mais desejadas da cidade.
Nos últimos anos, foram erguidos novos prédios na Saúde, Mooca, Aclimação, Freguesia do Ó, Tatuapé, Ipiranga e Vila Mariana, por exemplo.
A Living realizou quatro lançamentos no primeiro semestre, que resultaram em R$ 1 bilhão em valor geral de venda (VGV) potencial. No ano passado, foram 8 novos empreendimentos, com VGV de R$ 1,4 bilhão.
A expectativa de Mesquita é atingir um valor similar de lançamentos neste ano, com alta marginal, apesar de faltar só R$ 400 milhões para o total de 2022.
Em toda a Cyrela, os lançamentos de médio padrão somaram R$ 1,48 bilhão no primeiro semestre, uma participação de 30% do VGV de novos empreendimentos. Também representaram R$ 916 milhões em vendas, 23% do total, segundo a prévia operacional da empresa.
Os números do grupo são maiores do que os da Living porque há incidência de unidades de médio padrão com a marca Cyrela, ainda que o foco seja em um padrão mais elevado - o segmento de alto padrão foi responsável por 51% dos lançamentos e 49% das vendas no semestre.
Ele destaca que a Living tem uma produção maior do que a de muitas incorporadoras independentes do mercado. Estar sob o guarda-chuva da Cyrela, no entanto, traz benefícios.
Nos bairros onde a Living atua, de classe média, também existem incorporadores menores e de atuação geograficamente concentrada. Esse tipo de empresa tem enfrentado mais dificuldade para conseguir financiar novos projetos. “Provavelmente você não vai ver muitas outras empresas com esse crescimento de 25% em vendas, a máquina do grupo ajuda nisso, permite continuar lançando de 8 a 10 projetos por ano”, afirma Mesquita.
Segundo ele, as marcas da Cyrela funcionam de forma “quase 100% independente”. Compartilham o escritório e a área de recursos humanos, por exemplo, mas têm equipes separadas em áreas ligadas ao produto, como de incorporação e comercial.
Um dos objetivos da Living é ser reconhecida pelos compradores sem a necessidade de menção ao nome do grupo. “O corretor ainda puxa muito a Cyrela, porque a Living atua em regiões em que a Cyrela atuava antes, tem base de clientes que conhece a empresa”, afirma Lopes. “O que esperamos é consolidar a Living como marca, sempre do grupo Cyrela, mas como protagonista”.