Após atingir percentual recorde de vacância entre abril e junho, o mercado de escritórios de alto padrão na cidade do Rio de Janeiro dá os primeiros sinais de recuperação no terceiro trimestre de 2018. A taxa de vacância - metragem disponível para aluguel - recuou de 41,7%, no segundo trimestre, para 40,1%, entre julho a setembro, de acordo com relatório da consultoria imobiliária Newmark Grubb.
"Já alcançamos o pico da vacância", diz Eduardo Cardinalli, executivo responsável pelo segmento de escritórios da Newmark Grubb no país. Entre 2012 e 2018, a taxa de vacância para escritórios de alto padrão no município do Rio cresceu quase oito vezes. Passou de 5,4% para mais de 40%.
Os números dos primeiros nove meses de 2018 apontam uma diminuição no estoque de escritórios corporativos vazios na cidade. Até o segundo trimestre, a taxa de vacância mantinha trajetória ascendente. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, a absorção bruta (toda a ocupação que ocorreu dentro do período) foi de 122 mil metros quadrados.
O total já é superior à média histórica do segmento. Nos últimos 12 anos, a absorção média bruta registrada foi de 121 mil metros quadrados por ano, conforme indicam dados compilados pela Newmark Grubb.
A absorção líquida - total de área locada descontado o total de área devolvida - também é superior à média de 2006 a 2017. Nos nove primeiros meses deste ano alcançou 54,7 mil metros quadrados, enquanto a média histórica anual foi de 50,5 mil metros quadrados. "É possível ver um cenário otimista no Rio de Janeiro", analisa Cardinalli. "O ciclo de mercado indica uma curva de queda na taxa de vacância."
Entre os fatores que tendem a contribuir para o "enxugamento" do excesso de oferta, o executivo cita o fim da crise gerada pelo alto número de escritórios devolvidos e o baixo volume de novos empreendimentos a serem entregues. Para os próximos dois anos está prevista a entrega de apenas 50 mil metros quadrados em novos escritórios de alto padrão.
Ao contrário do mercado de São Paulo, o do Rio de Janeiro ainda não experimentou o chamado "flight to quality", jargão do setor para a migração de inquilinos de prédios mais simples para outros de alto padrão. Espaços corporativos de padrão B apresentam taxa de vacância entre 15% e 17%, enquanto para os da categoria A o percentual está na faixa de 40%, compara Cardinalli.
Em 2019, deverá estar pronta a nova sede do Banco Central, com 30 mil metros quadrados, na antiga zona portuária do Rio. E, para o ano seguinte, o empreendimento The City, na Barra da Tijuca, na zona oeste, deverá ganhar uma torre adicional com 20 mil metros quadrados.
No ritmo atual registrado até agora em 2018, os 882 mil metros quadrados de escritórios vagos no Rio demorariam cerca de cinco anos para serem absorvidos, já considerando uma taxa de vacância normal entre 12% e 15%, estima Cardinalli. O processo pode ser mais rápido caso o mercado retome o ritmo do triênio 2010-2012, quando a absorção bruta média foi de 255 mil metros quadrados por ano.
O segmento de condomínios logísticos e industriais também dá sinais tímidos de melhora. A taxa de vacância caiu de 34,5% para 31,2% na comparação entre o segundo e o terceiro trimestres. "Praticamente não foram entregues novos condomínios. Muitos projetos aprovados não foram iniciados", afirma Patrick Samuel, executivo responsável pela área de condomínios logísticos e industriais da Newmark Grubb no Brasil.
Samuel ressalta que a redução no consumo continua afetando a demanda por imóveis destinados a atividades logísticas e industriais, mas que o mercado está otimista com o desfecho das eleições presidenciais. Mesmo que o vencedor não realize os "milagres" esperados pelo eleitor, bastaria a consolidação de um ambiente de expansão econômica sustentável para animar o mercado, diz o executivo.