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02/12/2022

Loft cresce fornecendo tecnologia para imobiliárias parceiras (Época)

Não é de hoje que o marketplace de imóveis Loft aposta na proximidade com as imobiliárias para ter acesso a mais clientes

Não é de hoje que o marketplace de imóveis Loft aposta na proximidade com as imobiliárias para ter acesso a mais clientes. No final do ano passado, o unicórnio (avaliado em US$ 2,9 bilhões) decidiu estabelecer um tipo de acordo inédito no mercado: pelas novas regras, as imobiliárias poderiam colocar seus imóveis na plataforma sem pagar nada, ter acesso a clientes qualificados e ficar com uma parcela generosa do lucro (até 90%). A Loft ganharia em volume, com um número crescente de anúncios.

 

Agora, o acordo chega a uma nova fase. Em vez de oferecer apenas a plataforma, a Loft fornece para a parceira toda a tecnologia acumulada ao longo de quatro anos de história. É o típico ganha-ganha: com as ferramentas avançadas do marketplace, as imobiliárias vendem mais e conseguem mais anúncios – que por sua vez vão parar no site da Loft. “Quando assumi o cargo de CTO, há um ano, a grande pergunta era: como podemos ganhar mais escalabilidade?”, diz Luis Bitencourt-Emilio, que lidera as áreas de Engenharia, Produto, Design, Dados e IT da empresa.

 

O primeiro passo foi ampliar o número de parceiras, chegando rapidamente a 40. “Depois, demos a elas ferramentas de ponta para que aumentassem a conversão de vendas. Com essa estratégia, tivemos 44 mil novos imóveis listados na plataforma nos últimos dez meses.” Hoje, a empresa tem mais de 80 mil imóveis anunciados em 10 cidades, dentro de quatro estados brasileiros e cinco mexicanos. “Esse salto foi possível porque as imobiliárias começaram de fato a aplicar esses recursos tecnológicos e multiplicar as transações.”

 

Portfólio único

Mas os planos de compartilhamento da Loft vão ainda mais longe. Para 2023, a empresa prepara um pacote de soluções tecnológicas completas para os parceiros. “A ideia é oferecer um portfólio único, com todos os produtos do grupo Loft. É como pegar todas as peças de Lego que estavam espalhadas e criar uma suíte unificada”, diz Bitencourt. “Quanto mais liquidez nós gerarmos para as imobiliárias, mais bem-sucedida será a empresa.”

 

Segundo ele, há novos serviços a serem adicionados a esse portfólio, com a entrada de fintechs “que ainda não foram anunciadas”. Por enquanto, uma das ferramentas mais úteis é o Score de Qualidade, que determina potencial de venda com base em características imutáveis do imóvel: localização, área, valor do condomínio.

 

Depois, com o uso de machine learning, a Loft avalia a qualidade dos anúncios. “As fotos certas aumentam em 2,3 as chances de o imóvel ser vendido. Já o anúncio adequado pode fazer um imóvel ser vendido 10 vezes mais rápido”, diz o executivo. Outro ponto importante é o ajuste entre o preço anunciado e o real. “A demora média de 14 meses na venda de um imóvel no Brasil está relacionada a esse difícil ajuste”, diz Bitencourt.

 

Os cálculos de precificação da empresa mostram às imobiliárias quando o valor do imóvel está acima do mercado. “Ao sugerirmos valores mais competitivos, acabamos acelerando a velocidade das transações.” Todos os meses, a plataforma divulga de maneira aberta um estudo com a diferença entre os valores anunciados e os efetivamente transacionados em São Paulo, chamado de Especulômetro.

 

Integração de ferramentas

Na tentativa de disponibilizar serviços de ponta a ponta para vendedores e compradores, a Loft também tem acelerado a integração entre suas três ferramentas de crédito: a Credihome, de financiamento imobiliário, a LoftCred e a Invest Mais. Juntas, elas agora formam a Credihome by Loft. “A consolidação desse movimento, com a unificação das tecnologias entre todas as empresas, está acontecendo agora, e já estamos vendo os resultados. Para a imobiliária, também interessa que o cliente possa pagar, e que seus imóveis não fiquem vazios por muito tempo.”

 

Com base em seus modelos de qualidade, a empresa chegou ao imóvel ideal para quem pretende vender, seja imobiliária, seja o corretor: apartamentos em andares mais altos, com menos de 150 metros quadrados, em prédios mais novos e com condomínios mais baratos. “Então esse é o modelo mais rentável para a imobiliária, o que interessa a um maior número de pessoas. Já pelo lado do comprador, o imóvel ideal varia muito, mas já estamos testando modelos de recomendações personalizadas, que devem entrar no ar em breve.”

 

Crescimento no inverno

Apesar da retórica de crescimento da Loft, a onda de demissões de 2022 também bateu na empresa. Em julho, foi anunciado o corte de 12% do seu quadro de 3,2 mil funcionários, totalizando ao menos 380 pessoas. Antes disso, em abril, 159 colaboradores já haviam sido demitidos. Na época, a empresa disse que as medidas faziam parte de um processo de "reorganização" da sua operação.

 

“Esses movimentos foram ajustes necessários devido à nova realidade global”, diz Bitencourt. No ano passado, a Loft recebeu o maior aporte da história do ecossistema brasileiro, no valor de US$ 425 milhões, aproximadamente R$ 2,3 bilhões, liderado pelo fundo norte-americano D1 Capital. Hoje, investimentos desse porte estão cada vez mais raros.

 

“Nesse momento, o foco em manter crescimento e rentabilidade é a chave. Vamos fazer todo o necessário para seguir nesse caminho.” Novas demissões, a princípio, não estão no planejamento da empresa. Mas a contenção de despesas sim. “Vivemos hoje uma situação muito diferente do ano passado. Mudou o preço do capital, e mudou o contexto do que é esperado das companhias pelos investidores. Precisamos praticar o crescimento sustentável”, afirma Bitencourt.

 

Matéria publicada em 30/11/2022

FONTE: ÉPOCA