Chiara Quintão
Após registrar, em 2015, lançamentos em patamar 30% abaixo de sua estimativa interna - feita a partir do que as incorporadoras sinalizavam, no início do ano -, a Lopes espera novo encolhimento em 2016, quando a confiança do consumidor continua em baixa. "Sou um pessimista positivo. O mercado terá nova queda, e os fundamentos para o comprador estão piores. Mas fizemos um corte de custos, em 2015, e tomamos medidas para operar melhor", diz o diretor financeiro e de investidores da maior rede de imobiliárias do país, Marcello Leone.
A redução de custos torna a companhia bem dimensionada para não precisar fazer nova rodada de cortes caso o mercado caia de 15% a 20% neste ano. Na avaliação do executivo, o ponto de inflexão para a retomada do setor imobiliário dependerá de algum evento que aponte para a estabilidade. "Pode haver uma definição depois das eleições", afirma o diretor de relações com investidores.
Leone afirma que este será um ano de "boas oportunidades" para compradores de imóveis no mercado primário - de novos - e no secundário - de usados -, com queda de preços nos dois segmentos. O cenário é de aumento dos estoque de imóveis prontos e de continuidade do crescimento dos distratos, segundo o executivo.
"Precisamos encontrar formas de obter resultados melhores neste cenário economico adverso. Vamos buscar, com foco no cliente, boas oportunidades de negócios, como imóveis com preços ou condições com vantagem, para que quem está em cima do muro tome a decisão de compra", conta Leone.
Nos últimos anos, têm havido descontos de preços, principalmente, na comercialização de unidades novas. Segundo o executivo, será "inevitável", ao longo de 2016, a redução de preços no mercado de usados, como reflexo do aumento do desemprego. O mercado de usados está pouco líquido e, em 2015, as vendas da Lopes no segmento caíram mais do que as de novos.
Diante da prioridade das incorporadoras em vender estoques, a redução de lançamentos superou a queda de vendas no ano passado. No acumulado de janeiro a setembro do ano passado, o total de intermediações realizadas pela Lopes caiu 30%, para R$ 7,1 bilhões. Em lançamentos, a redução de vendas foi de 26% e, em usados, de 39%.
Para se adequar à retração da economia e ao encolhimento do setor, a Lopes diminuiu sua operação em 35% no ano passado. O número de lojas passou de 57 para 50 no país, o quadro de pessoal foi reduzido em 16%, de 1.132 pessoas para 949. Houve renegociação do aluguel dos imóveis de 18 lojas ocupadas pela Lopes, e oito sedes foram transferidas de local. A área ocupada pelas lojas também diminuiu.
No último dia 27, a Lopes vendeu aos fundadores da LMinas Consultoria de Imóveis, os 51% do capital que detinha na controlada de Nova Lima (MG).