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13/11/2015

Lucro do BB cresce 10% e atinge R$ 3 bilhões

Entre os itens não recorrentes do balanço está o ganho contábil de R$3,405 bilhões por causa do aumento na alíquota da contribuição social sobre lucro líquido (CSLL), que passou de 15% para 20%.

Aline Bronzati

O Banco do Brasil encerrou ontem a temporada de balanços dos grandes bancos de capital aberto do País ao anunciar lucro líquido de R$ 3,062 bilhões no terceiro trimestre, aumento de 10,1% ante o mesmo intervalo do ano passado. O lucro líquido ajustado, no entanto, aquele que não leva em conta os eventos extraordinários, totalizou R$ 2,881 bilhões, com leve recuo de 0,1% em um ano.

Entre os itens não recorrentes do balanço está o ganho contábil de R$3,405 bilhões por causa do aumento na alíquota da contribuição social sobre lucro líquido (CSLL), que passou de 15% para 20%. Como Bradesco e Itaú, BB aproveitou boa parte desse montante para fazer uma provisão para devedores duvidosos adicional no valor de R$ 2,370 bilhões, o que acabou pressionando o lucro do banco. Também foi contabilizada uma provisão extraordinária de R$ 1,794 bilhão para demandas contingentes.

Após queda no segundo trimestre, o índice de inadimplência do banco, que considera atrasos acima de 90 dias, foi a 2,20% ao fim de setembro, aumento de 0,16 ponto porcentual ante junho, quando o indicador ficou em 2,04%. Em um ano, a piora foi de 0,11 ponto porcentual. Diante desse cenário, e antecipando-se a uma possível piora dos calotes, o banco reforçou as despesas com provisões, que alcançaram R$ 6,4 bilhões, em uma alta de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. O aumento foi motivo de preocupação entre analistas.

Apesar de o montante de gastos para calotes refletir o ambiente econômico atual, o vice presidente de gestão financeira e relações com investidores do BB, José Mauricio Coelho, admitiu, em coletiva de imprensa, que as provisões maiores têm impedido o banco de entregar um retorno melhor. Isso fez, inclusive, a instituição revisar para baixo sua expectativa de rentabilidade deste ano. Agora, o BB espera algo entre 13% a 16% ante intervalo de 14% a 17%.

Coelho afirmou ainda que a inadimplência do banco continua sob controle e vai ficar bem abaixo da média de mercado. “A qualidade da carteira de crédito está adequada para enfrentar momento como esse”, afirmou o executivo, em coletiva de imprensa, nesta manhã.

Os comentários, no entanto, aparentemente não acalmaram analistas, alguns deles já prevendo possíveis desdobramentos de uma piora adicional da carteira de crédito. “A rentabilidade baixa–que pode se estender para os próximos trimestres dado o cenário – pode levantar temores sobre necessidade de capital”, escreveram os analistas Eduardo Rosmane Gustavo Lobo, do BTG Pactual.

Carteira - O resultado do banco foi garantido, como de forma geral no setor, pelos ganhos com margens financeiras e receitas com serviços e tarifas maiores. Mas o crescimento dos lucros se desacelerou em função, sobretudo, da expansão menor do crédito.

A carteira de crédito ampliada do BB, que considera títulos privados e garantias, encerrou setembro em R$ 804,6 bilhões, alta de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado. No trimestre, o BB manteve a sua liderança em crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN), com participação estável em 20,8% no terceiro trimestre ante o segundo.

O destaque, segundo o BB, foram as operações voltadas às pessoas jurídicas que cresceram 2,5% ao final de setembro na comparação com junho, para R$ 362,158 bilhões. Em um ano, o avanço foi de 5,9%.A pessoa física foi desta que na expansão anual com alta de 8,1%, para R$ 189,560 bilhões. 

 

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO