Empresa diz que lucro líquido foi prejudicado pelo avanço mais lento do que esperado nas obras da empresa — foram erguidos apenas 40% do planejado, devido às chuvas fortes no trimestre
A incorporadora RNI, que atua no interior paulista e de estados do Centro-Sul, apresentou no primeiro trimestre lucro líquido de R$ 2,4 milhões, queda de 20% ante o mesmo período do ano passado. Já o lucro atribuído aos controladores ficou em R$ 778 mil no período, queda de 60% contra um ano antes.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ficou em R$ 24,4 milhões, aumento de 90% em um ano. A margem Ebitda ajustada cresceu 0,9 ponto percentual, para 18,5%. Carlos Bianconi, CEO da companhia, explica que o indicador foi influenciado pela venda de um terreno.
A receita líquida da RNI caiu 1% em um ano, para R$ 132 milhões. A margem bruta ficou em 21,5%, recuo de 3,5 pontos percentuais sobre o início de 2022. A margem bruta ajustada foi de 28,8%, queda de 0,9 ponto percentual.
Bianconi afirma que o lucro líquido foi prejudicado pelo avanço mais lento do que esperado nas obras da empresa — foram erguidos apenas 40% do planejado, devido às chuvas fortes no trimestre. “Temos grande proporção de empreendimentos horizontais, que a chuva prejudica mais”.
Esse adiamento das obras resultou em aumento da receita a apropriar (REF), que subiu 19% ante o início de 2022, para R$ 551 milhões.
Entre janeiro e março, a RNI obteve vendas líquidas de R$ 167,2 milhões, aumento anual de 5%. No entanto, o CEO destaca que o tempo de decisão dos clientes está maior desde o quarto trimestre.
Há efeito nos distratos, aponta o CEO. Em um empreendimento entregue, que não se encaixava no Minha Casa, Minha Vida, a RNI teve 30% de distratos, dos quais 80% já foram revendidos em abril, com empate ou ganho de preço.
Com o aumento dos juros do financiamento imobiliário, os clientes precisam comprovar uma renda maior para conseguir o financiamento, o que força as desistências. “O que acontecia há sete anos era a revenda com redução de preço, hoje é o contrário”, ressalta.
A empresa tem hoje apenas 20% de seus lançamentos dentro do MCMV, proporção que era de 80% há dois anos. A expectativa de Bianconi é que atualizações na política habitacional, com reajuste de teto de valores e da curva de subsídios, possibilitem reverter a proporção.
Um reajuste no teto do programa é necessário no interior do país, afirma o executivo, porque essas regiões passaram por grande valorização na última década. “Temos casas que vendemos por R$ 150 mil em Rondonópolis (MT) há 15 anos e que hoje valem R$ 600 mil”.
A RNI terminou o primeiro trimestre com dívida líquida de R$ 634,4 milhões, alta de 37% em um ano. A alavancagem da empresa, medida pela dívida líquida sobre o patrimônio líquido, atingiu 95,7%, aumento de 24,1 pontos percentuais.