Notícias

21/12/2018

Mercado de crédito com recursos livres crescerá de 10% a 12% em 2019

A perspectiva de consolidação do segmento para patamares de retomada, no entanto, fica apenas para 2020

O mercado de crédito para recursos livres deve crescer entre 10% e 12% em 2019. A perspectiva de consolidação do segmento para patamares de retomada, no entanto, fica apenas para 2020.

De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado ontem pelo Banco Central (BC), a perspectiva da autoridade monetária para o mercado de crédito é de um aumento de 6% em 2019 ante o observado neste ano.

Para pessoas físicas, o BC projeta um crescimento de 7% e, para pessoas jurídicas, uma alta de 5%, na mesma base de comparação.

Segundo o economista da Associação das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) Nicola Tingas, apesar das expectativas positivas para o próximo ano, ainda existem “condições necessárias na dinâmica da economia”, para que o crescimento se concretize.

“O mercado assimila a possibilidade de juros estáveis em 6,5% em 2019 e de inflação controlada, mas existe uma capacidade ociosa grande e uma espera pelo desenrolar das políticas do próximo governo”, pontua o especialista.

Ele comenta ainda que a depender da consolidação dessas expectativas, os empréstimos com recursos livres tende a crescer ainda mais.

“Os financiamentos livres já subiram 5,2% em 2017 e já havia atingido alta de 7,7% até outubro, consolidando um possível avanço entre 8% e 9% para este ano. Dependendo do sucesso do alinhamento do governo com o Congresso, a nossa estimativa é de que o mercado cresça entre 10% e 12% no próximo ano”, diz.

Os últimos dados do Banco Central apontam que, em outubro, as concessões totais com recursos livres atingiram R$ 295 bilhões, um aumento de 14,8% frente ao mesmo mês de 2017 (R$ 257 bilhões).

Segundo o economista-chefe da Mapfre Investimentos, Luis Afonso Lima a retomada do crédito ainda está bastante limitada pelo endividamento das famílias e cautela das empresas. A retomada, para ele, só virá cinco anos após o “processo digestão da crise, iniciado em 2015”, consolidando-se, portanto, só a partir de 2020.

“O endividamento das famílias ainda sobe e o mercado de trabalho se recupera muito gradualmente, puxado principalmente por empregos informais”, pondera o economista, reforçando que a opção dos consumidores por créditos mais longos como crédito imobiliário, automotivo e consignados também influencia nos resultados do setor.

“Além disso, do lado das pessoas jurídicas, temos um processo longo de desalavancagem e mesmo que haja uma demanda claramente maior das pequenas e médias empresas, a procura ainda é bem menor do que a oferta. Os bancos até querem emprestar, mas as companhias ainda não retomaram o apetite por crédito”, complementa Lima.

Tal movimentação, para os especialistas, é o que tem sido responsável pelas oscilações marginais observadas ao longo deste ano no spread bancário.

Ainda conforme informações do BC, por exemplo, o spread total atingiu 18 pontos percentuais (p.p.) em outubro, uma queda de 2,6 p.p. ante o mesmo mês de 2017, mas um avanço de 0,6 p.p. ante o valor visto em setembro (17,4 p.p.).

Para o economista do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC Boa Vista) Flávio Calife, no entanto, a tendência é de que essa redução não se reflita tão fortemente nas taxas de juros cobradas na ponta.

“Diferentemente do que tivemos nos últimos dois anos, não veremos uma queda tão acentuada dos juros”, afirma.

Os especialistas reiteram, no entanto, que na perspectiva de aprovação das reformas macro e microeconômicas (como a da Previdência e o Cadastro Positivo, por exemplo), esse custo pode, sim, chegar a “reduzir um pouco mais”.

“A agenda positiva do Banco Central já tem trazido resultados e tudo indica que essa tendência continua. Maior concorrência e melhores alternativas de crédito podem influir, sim, em juros menores para pessoas físicas e jurídicas”, acrescenta Lima.

 

FONTE: DCI