Por Ana Carolina Diniz
A quinta redução consecutiva da taxa Selic foi comemorada por agentes do setor imobiliário. Nos últimos anos, o mercado viveu seu melhor momento em 2020, durante a pandemia, quando o Banco Central reduziu os juros para 2%, estimulando assim a compra por imóveis, considerado um investimento mais seguro.
Em nota, a Abrainc considerou que "a redução dos juros são impulso não apenas para o crescimento econômico do país, mas também para o setor imobiliário, onde taxas de juros elevadas impactam negativamente o custo dos financiamentos habitacionais".
"Essas medidas não beneficiariam apenas o setor imobiliário, tornando os financiamentos habitacionais de médio e alto padrão mais acessíveis, mas também contribuiriam para o progresso econômico e social do Brasil”, afirma Luiz França, presidente da Abrainc. Até setembro de 2023, o segmento de Médio e Alto Padrão (MAP) teve crescimento de 18,9% nas unidades comercializadas e de 13% no valor de vendas ante o mesmo período do ano passado.
Victorio Abreu, diretor da SAAU, desenvolvedora de projetos imobiliários, concorda e lembra que, com a redução, os empreendimentos de médio e alto padrão ficam mais atraentes para quem deseja financiar o imóvel, já que os bancos costumam seguir a linha de também reduzirem as taxas do financiamento imobiliário.
- Além disso, esse efeito cascata da Selic acaba influenciando na redução de outros índices como o INCC e o IPCA, o que também estimula a compra. Então, com esse cenário, os incorporadores ficam mais seguros em colocar seus projetos na rua porque os interessados na compra do imóvel encontrarão mais facilidade de crédito, estimulando o consumo - comenta.
Para Renato Teixeira, CEO da CIA Multiplataforma Imobiliária, outro fator positivo é que, por conta das reduções, os empreendedores que represaram os seus projetos estão voltando ao mercado. Thomaz Assumpção, CEO da consultoria Urban Systems, salienta, no entanto, que a queda da Selic não tem desdobramento imediato na taxa do crédito imobiliário cobrada pelos bancos.
- Então, teoricamente, a taxa de juros deve cair para emprestar dinheiro para as pessoas comprarem seus apartamentos e também para as incorporadoras construírem prédios financiados com o dinheiro dos bancos. E isso não é um ciclo imediato, ele precisa de tempo para acontecer”, comenta Assumpção.
Na opinião de Ernesto Otero, CEO da Lobie, startup imobiliária, os cortes graduais e contínuos na taxa de juros aumentam a confiança dos investidores, proporcionando maior previsibilidade e segurança nas decisões do mercado. Além disso, torna as parcelas mais acessíveis beneficiando os consumidores que necessitam de uma renda menor para adquirir um imóvel, pois a regra geral é comprometer no máximo 30% da renda do comprador.
- Assim, cada redução no valor da mensalidade aumenta a capacidade de compra, tornando o mercado imobiliário mais acessível e ampliando o público-alvo das incorporações e lançamentos imobiliários.
(Matéria publicada em 01/02/2024)