Ainda vale a pena investir em imóveis comerciais? A pergunta tem encontrado respostas no comportamento de investidores e também em dados publicados pelo Observatório da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica) neste mês, que mostram o aquecimento da atividade industrial da Região Administrativa de Campinas (metrópole a 97 km da capital de São Paulo), voltada, principalmente, para atividades de alto valor econômico, como serviços intensivos em tecnologias. Os investimentos empresariais na Região Administrativa de Campinas, formada por 90 municípios, somaram R$ 3,72 bilhões em 2021, o que corresponde ao crescimento de 208,33% em comparação ao ano anterior.
Com base em dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), a Região Administrativa de Campinas ocupa a segunda posição no estado em termos de investimentos, atrás apenas da Região Metropolitana de São Paulo, que teve R$ 16,14 bilhões. O levantamento mostra ainda a cidade de Campinas em primeiro lugar na captação de investimentos entre os 90 municípios da Região Administrativa de Campinas em 2021. A cidade concentrou 41% do total, com Jaguariúna (SP) e Nova Odessa (SP) aparecendo empatados em segundo lugar (9% cada).
Enquanto a atividade industrial na região de Campinas caminha a passos largos, o movimento de investidores no segmento imobiliário corporativo acompanha este cenário de aquecimento ao mesmo tempo que observa os passos de empresas, a exemplo da BTG Pactual (maior comprador de imóveis comerciais do país em 2020, segundo a Bloomberg), que tem aproveitado as oportunidades para a negociação de imóveis, analisa Carlos Felipe Corsini, Head da WIT Real Estate, braço especializado em desenvolvimento imobiliário da WIT – Wealth, Investments & Trust, sediada em Campinas (SP). “O segmento imobiliário corporativo foi muito questionado em 2020. Agora, em 2022, com o retorno das atividades presenciais, as empresas já aproveitaram as oportunidades de negociar espaços com valores mais atrativos e descontados por conta da crise no setor que ainda reflete os seus efeitos desde 2014 e mais o fato de a pandemia que esvaziou os escritórios, renovando contratos e se preparando para o retorno destas atividades presenciais. As cidades do interior paulista apresentam ainda uma taxa de desocupação maior que a cidade de São Paulo e índices de desenvolvimento que facilitam a atração de investimentos, haja vista as oportunidades geradas pela nova forma de trabalhar, com a descentralização dos escritórios localizados nas Capitais”.
Relatório do Mercado Corporativo de Campinas
Em estudo realizado pela WIT Real Estate em parceria com a SiiLa Brasil, uma das principais empresas de pesquisa imobiliária no País, indica que 21% das áreas destinadas a empreendimentos em Campinas estavam desocupadas, em 2020. Já a taxa de vacância na cidade de São Paulo estava em 17,20%.
Das nove regiões pesquisadas em Campinas, apenas quatro tiveram uma taxa de vacância, que é porcentagem de área de escritório vago, acima da média na cidade: Alphaville (46%), Dom Pedro (24%), Guanabara (37%) e Centro (34%). A análise destaca a região do Aeroporto Internacional de Viracopos, maior centro de carga aérea na América do Sul, como um exemplo de baixa vacância (8%), especialmente com a entrega do novo empreendimento, E1 Viracopos, que foi 100% locado para uma única empresa. “O mercado imobiliário é de longo prazo, então qualquer planejamento que se faça hoje, o empreendimento só vai ser entregue daqui a dois, quatro ou cinco anos. E nossos estudos comprovam que há ainda muitos espaços e oportunidades para investimentos em Campinas e crescimento do mercado imobiliário corporativo”, ressalta Carlos Felipe Corsini.
Investimentos em 2022
As regiões Guanabara e Centro de Campinas receberão em 2022 edifícios específicos para ocupação de consultórios médicos, uma vez que as regiões estão próximas dos principais hospitais públicos e privados de Campinas. Destaque também para a região da Anhanguera, com o desenvolvimento de 2 projetos Classe A+, e com previsão de crescimento ainda maior nos próximos 5 anos. A maior metragem prevista em entrega será na região Dom Pedro, de um único edifício Classe A+ próximo ao Complexo Galleria. “Apesar do cenário geopolítico atual, com o conflito entre Rússia e Ucrânia, o segmento imobiliário é muito regional e é analisado com particularidades do contexto da cidade. Pode-se haver mudanças em relação ao custo de produção, mas os investimentos são planejados com bastante antecedência. O investimento no setor imobiliário sempre foi e sempre será um bom negócio a longo prazo”, comenta Corsini.
O estudo também mostra que a taxa de ocupação e o valor de locação pedido no ano de 2020 foram os maiores índices desde 2016, com uma recuperação em plena crise econômica, com o desenvolvimento e a consolidação de novas regiões, como a Anhanguera e Aeroporto, com previsão de expansão para os próximos anos. A retomada nos investimentos de prédios corporativos na cidade, a quantidade de novo estoque de prédios Classe A+ e A, o crescimento da ocupação total e média dos prédios, já reflete uma manutenção e crescimento dos valores pedidos para locação, o que indicam um nítido aquecimento e recuperação no mercado imobiliário de Campinas.
Os critérios de classificação de prédios adotados são: prédios Classe A+, com lajes maiores ou iguais à 500 m2 e conjuntos com áreas maiores ou iguais à 130 m2 e para os prédios Classe A as lajes têm entre 300 m2 e 500 m2 e conjuntos com área maior do que 80 m2.
Sobre a cidade de Campinas (SP)
A Região Administrativa (RA) de Campinas teve o segundo maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de São Paulo em 2021. A RA fechou o ano passado com uma alta de 7,6%, consolidando a retomada da atividade econômica a partir do segundo semestre, de acordo com estudo divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
O PIB da RA de Campinas atingiu R$ 152,04 bilhões no último trimestre de 2021, o melhor resultado para o período desde 2013. O valor acumulado no ano passado foi de R$ 555,89 bilhões, colocando a RA de Campinas na vice-liderança na formação do PIB estadual, ou seja, a segunda RA com maior participação no PIB do Estado, correspondendo a 18,7%, atrás apenas da Região Metropolitana de São Paulo, que somou R$ 1,46 trilhão (53,5% do total). No acumulado dos 12 meses, o PIB do Estado de São Paulo cresceu 5,7%, totalizando R$ 2,82 trilhões.
Crescimento por setores
O setor de serviços da RA de Campinas obteve o melhor desempenho, com uma alta de 8%. Ele é composto por segmentos como o de turismo, serviços bancários, restaurantes, hospitais, consultorias, corretagem de imóveis, serviços públicos e outros. O PIB desse setor em 2021 atingiu R$ 283,01 bilhões.
(Matéria publicada em 31/03/2022)