O mercado imobiliário reforça seus laços com o Rio, projetando um horizonte de grandes transformações na paisagem urbana. O momento de forte expansão é impulsionado por uma rara combinação de fatores: ambiente regulatório favorável, confiança dos consumidores e oferta diversificada. O cenário edificante é referendado pelos números. O volume de lançamentos cresceu 54,3% de janeiro a setembro deste ano, aponta estudo da Brain Inteligência Estratégica.
As vendas vêm ultrapassando os lançamentos. No acumulado dos primeiros nove meses deste ano, o número de novas unidades foi 43,2% acima do registrado no mesmo período de 2023, e as vendas, 29% — somando R$ 8,73 bilhões em negócios. De janeiro a setembro, foram lançadas 14.386 unidades, com R$ 7,83 bilhões em valor geral de vendas (VGV).
— Este deve ser o melhor ano do mercado imobiliário desde 2019. Até dezembro, serão mais de 110 empreendimentos lançados, o que significa uma média de dois projetos por semana. O estoque no Rio tem a metade de imóveis da média nacional. É bom ver o mercado forte e otimista de novo. É para isso que a Ademi-RJ trabalha — afirma o presidente da entidade, Marcos Saceanu.
Porto Maravilha, Centro e bairros da Zona Norte representam hoje vetores de crescimento do Rio, atraindo compradores em busca de moradia de qualidade a preços que caibam no orçamento. Em agosto, a região do Porto, que tem 12 projetos em construção desde 2021, recebeu os primeiros moradores dos cerca de 27 mil esperados nos próximos anos, o que aumentará a população local em 90%.Para o prefeito Eduardo Paes, os números comprovam que o Rio, além de ser a principal vitrine brasileira, é uma das melhores cidades do país para viver.
— A área do Centro e do Porto recebeu 61% dos lançamentos do ano passado. É a maior revolução urbana da história do Rio. As transformações levam tempo, mas, com os incentivos corretos, elas acontecem — afirma Paes. O desempenho do setor está diretamente ligado aos avanços na legislação urbanística, incluindo o Código de Obras, a Lei do Retrofit, o Reviver Centro e o Plano Diretor do município, sancionado em janeiro. O diálogo foi crucial nas decisões sobre uso e ocupação do solo, regras de zoneamento e áreas de interesse social.
A atualização das leis urbanísticas tornou o Centro e a Zona Norte atraentes, levando em conta a infraestrutura de transportes e os serviços básicos, além da questão cultural contemplada na região central, rica em prédios e monumentos históricos, museus e teatros.
O Plano Diretor consolidou a legislação do Porto Maravilha, estendida a São Cristóvão, e aumentou o potencial construtivo de bairros como Andaraí, Grajaú, Méier, Leopoldina e Irajá. — A expansão do mercado reflete o bom momento de uma das indústrias mais tradicionais do estado do Rio, a da construção civil — destaca Luiz Césio Caetano, presidente da Firjan.
Na avaliação de Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio, o mercado retomou o protagonismo de outras épocas e viveu um ano emblemático. — Com os volumes de lançamentos e vendas, o Rio tem sido foco de atenção de investidores do país e do exterior.A grande procura por imóveis residenciais no Centro e na Zona Norte sinaliza um movimento migratório na cidade, segundo Leonardo Mesquita, vice-presidente de Negócios da Cury.
— Essas regiões estão sendo repovoadas. Moradores de outros bairros da cidade perceberam ali uma qualidade de vida que não existia antes. O Centro e o Porto ganham força como novos polos de desenvolvimento urbano — afirma