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06/02/2023

Mercado imobiliário em alerta com a manutenção da Selic (O Globo)

A decisão do Copom em manter a taxa de juros em 13,75% gerou alerta no mercado imobiliário

A decisão do Copom em manter a taxa de juros em 13,75% gerou alerta no mercado imobiliário. A alta acaba refletindo diretamente nas taxas de financiamento, o que afasta o grande público da compra do imóvel. No ano passado, o setor acabou vivendo o reflexo dos juros baixos de 2021, mas já com poucos lançamentos. O impacto virá este ano. Ouvimos alguns representantes do setor.

 

- A decisão afeta a viabilidade de novos lançamentos, uma vez que nenhum resultado previsto se torna atrativo frente aos ganhos possíveis com a diferença entre a taxa Selic e a inflação. Diante disso, quase nada viabiliza ou fica atrativo com essa comparação, fazendo com que o investidor deixe de destinar seus recursos para o setor - analisa Sylvio Pinheiro, diretor da G+P Soluções, consultoria especializada em controle e soluções para planejamento, gerenciamento e gestão de projetos e construções.

 

Pinheiro considera o cenário muito preocupante:

 

- Enquanto os juros não baixarem, o mercado imobiliário que vive de crédito, da produção e de investidores fica sem possibilidades de tirar seus projetos do papel - analisa.

 

Mariliza Fontes Pereira, CEO da Rio8 Incorporações, compartilha da mesma preocupação. Ela salienta que a manutenção da Selic neste patamar alto gera várias consequências negativas para a construção civil, entre elas, a estagnação de todos os investimentos na produtividade do país, o que desacelera a geração de emprego.

 

- Hoje, o que o mercado mais precisa, principalmente no segmento econômico, é reduzir juros e aumentar o emprego. Na hora que a taxa se mantém, existem as possibilidades de aumento dos juros e do desemprego. É um risco iminente.

 

Fred Judice Araujo, co-fundador da HomeHub, conta que o mercado imobiliário, já conta com a manutenção nesse atual patamar até pelo menos o final do primeiro semestre.

 

- O crédito imobiliário vem desacelerando, os últimos resultados mostram isso, e é muito possível que o mercado continue desacelerando , com a manutenção dos juros nesse nível. Apesar do volume de crédito ainda ser alto, vem em declínio ao longo dos últimos meses.

 

Otavio Grimberg, sócio-diretor da SIG Engenharia, analisa que será um período de cautela:

 

- A demanda mais controlada com taxa de juros elevada carrega uma perspectiva conservadora. As empresas terão maior acurácia na escolha de seus investimentos e dos seus projetos, com perspectiva de melhora a partir do segundo semestre, inclusive com a queda da taxa de juros. Ao mesmo tempo, o custo dos estoques e sua manutenção pesarão no orçamento.

 

Para Sonia Chalfin, diretora da Precisão Empreendimentos Imobiliários, o período interessante é para quem compra à vista.

 

- Normalmente, neste período de altos juros, há uma forte negociação e uma valorização do imóvel, que ainda é o bem mais seguro, seja para realizar o sonho da casa própria, seja para investimento.

 

Matéria publicada em 05/02/2023

FONTE: O GLOBO