Dando os primeiros passos em direção à retomada, o mercado imobiliário no ABCD Paulista passa por um período de melhora nos lançamentos de imóveis novos, mas ainda enfrenta os resquícios da crise no preço de venda do metro quadrado (m²).
Para especialistas e construtores ouvidos pelo DCI, o movimento de retomada dos lançamentos na região segue uma tendência nacional, e acompanha as perspectivas de melhora nos indicadores econômicos, retomada do emprego e redução dos juros para aquisição do imóvel.
“O ABCD apresentou durante a crise boas oportunidades para compra de terrenos, e as construtoras que se organizaram terão condições de lançar imóveis com preços mais acessíveis e um metro quadrado condizente com o esperado pelo consumidor”, diz o consultor do mercado imobiliário e ex-conselheiro do Creci-SP, Sérgio Boía.
A estratégia de aproveitar o período da crise para se fortalecer na retomada da economia foi adotada pela construtora MBigucci. Tradicional na região do ABCD, a empresa planeja lançar cinco empreendimentos este ano, com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 236 milhões, em projetos que envolvem também a marca Big Tec, que abarca projetos voltados ao programa Minha Casa, Minha Vida.
Para o presidente da empresa, Milton Bigucci, há sinais claros de melhora da confiança da população, que somada à regulamentação da Lei dos Distratos, sustentaram o otimismo da empresa. “Tudo isso nos faz acreditar que 2019 será um bom ano para o mercado imobiliário. É claro que também dependemos das atitudes governamentais, mas estamos otimistas”, diz.
Sobre a estratégia de aproveitar a baixa do mercado para comprar terrenos, o diretor técnico da construtora, Milton Bigucci Junior, explica que a captação de novos ativos começou logo que a crise foi deflagrada e foco das compras era a Região Metropolitana de São Paulo, incluindo o ABCD. “Enquanto não vendíamos, por conta do mercado parado, aproveitamos para comprar nossa matéria prima. Em menos de dois anos adquirimos cerca de 20 terrenos e continuamos comprando este ano. Nosso foco são áreas de mil m² a 50 mil m²”, disse o executivo.
Preços - Enquanto o mercado começa a sentir os efeitos da retomada da confiança na economia, no que diz respeito ao preço dos imóveis, o número ainda deixa a desejar. Segundo o último relatório FipeZap – que mapeia os preços do metro quadrado para venda de imóveis novos – Santo André, São Bernardo e São Caetano apresentaram resultados fracos na soma de 2018. Todas as cidades apresentaram um incremento no preço inferior à inflação do período, o que caracteriza, dentro do mercado imobiliário, uma queda real no valor para venda. (veja mais no gráfico).
“Não podemos descolar o ABCD do resto do País. Todas as 20 cidades monitoradas pelo FipeZap seguem essa curva de queda de preço. A boa notícia é que na avaliação mensal a disparidade entre o aumento da inflação e o aumento do preço começa a se equilibrar”, avalia Boía, que completa: “Outro bom presságio será a queda nos juros, que compensará o aumento dos preços sem punir o consumidor.”
Entre as imobiliárias, a palavra de ordem é negociação. Na Imobiliária Terra, em São Bernardo, as vendas nesse começo de ano estão paradas – o que é natural para o período – mas há bastante procura por informações e preços. “Comparando janeiro deste ano com o de 2018 é evidente a maior procura por opções de imóveis para compra. Acredito que teremos um número maior de conversões em vendas nos próximos meses”, conta, animada, a corretora e proprietária da imbiliária, Suzane Magalhães.
De acordo ela, ano passado o desconto médio nos imóveis vendidos pela empresa foi de 15% do valor inicial apresentado pelo proprietário. “Nós diminuímos a nossa margem, e o proprietário também”, disse Suzane, que estima um comportamento similar em relação ao preço este ano. “Alta dos preços deve ficar só para o ano que vem”, completa.