O mercado imobiliário registrou uma queda no número de lançamentos novos este ano, e o setor mais atingido foi o de moradias populares.
Os últimos anos foram positivos, apesar da pandemia. Mas a instabilidade da economia agora bate na porta da construção civil., e o setor mais atingido foi o de moradias populares.
Os últimos anos foram positivos, apesar da pandemia. Mas a instabilidade da economia agora bate na porta da construção civil.
Os dados são da Câmara Brasileira da Indústria da Construção e apontam redução de 6% nos lançamentos residenciais no primeiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas ainda se mantém estáveis; tiveram um leve crescimento de 1,4%.
Entre abril e junho, o cenário ficou pior com a redução ainda maior nos lançamentos e queda nas vendas de imóveis novos.
“Com aumento dos preços dos imóveis e com aumento da taxa de juros, naturalmente você teve que buscar clientes com renda mais alta para comprar aquele mesmo apartamento que antes pessoas de uma renda um pouco mais baixa conseguiam comprar. Isso faz com que haja uma redução na demanda por imóveis”, explica Eduardo Quintela, diretor comercial de incorporadora.
A diminuição do poder de compra dos brasileiros, principalmente nas classes mais baixas, refletiu diretamente na diminuição de lançamentos de imóveis populares. Os lançamentos dentro do programa Casa Verde e Amarela caíram consideravelmente no segundo trimestre deste ano. A redução foi de 36,5% em comparação com o mesmo período de 2021. As vendas caíram 14,6% no período.
O construtor explica que os custos de materiais, como aço, cimento e concreto, subiram mais de 50% nos últimos dois anos. Os gastos com os empreendimentos ficaram acima da inflação, deixando a casa própria mais distante para quem tem uma renda menor.
“Esse segmento é um segmento muito importante, é um segmento pujante, onde está concentrada a maior faixa de demanda. Quer dizer, a gente precisa também buscar uma solução para o nosso comprador, para que ele volte a conseguir encaixar o imóvel dentro do seu bolso, dentro da sua renda”, aponta Renato Ferreira Machado Michel.
Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, algumas mudanças feitas no programa de financiamento para baixa renda, já começaram a ter impacto no setor desde julho.
“Empresários ficaram preocupados e botaram o pé no freio, puxaram o freio de mão. Só que as vendas voltaram a crescer a partir de medidas que foram tomadas, principalmente na baixa renda, com subsídio, taxa de juros, algumas coisas desse tipo, que reaqueceram o mercado. Para você ter uma ideia, nós chegamos no mês de julho de 2022 vendendo 20% a mais do Casa Verde e Amarela do que se vendeu em 2021”, afirma José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção.
Matéria publicada em 15/08/2022