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05/01/2024

Mercado no litoral norte deve reaquecer em 2024 (Valor Econômico)

Passado o susto dos temporais de 2023 e confirmada a tendência de queda dos juros, o ano novo deve ser positivo para o segmento de segunda residência na região paulista

Depois da tempestade, a bonança. É assim, literalmente, que o mercado imobiliário do litoral norte paulista espera viver a transição entre 2023 e o ano que se inicia. Após o impacto negativo do trágico temporal ocorrido em fevereiro passado — que provocou a morte de 65 pessoas na região — e de uma conjuntura de preços inflacionados e juros altos, os negócios ficaram travados, e as perdas foram inevitáveis. Mas, a julgar pelos sinais dos últimos seis meses, o novo ciclo anual tem tudo para ser um dos mais positivos.

 

O abalo na confiança foi percebido pelos corretores locais. “Não teve jeito: o medo de novas chuvas e os juros altos fizeram muita gente adiar a decisão de compra”, afirma André Smiths, dono da corretora Cazza da Praia, especializada em residências de alto padrão em Camburi, Camburizinho e Praia da Baleia.

 

Sua agência imobiliária registrou queda no volume de vendas de 20% em 2023. Entretanto, o faturamento manteve-se estável graças aos bons negócios fechados na segunda metade do ano passado. O principal deles foi uma mansão de pé na areia, vendida por R$ 30 milhões, valor seis vezes maior que o ticket médio da corretora. “Mas o temor já passou. Não temos mais ouvido queixas dos clientes na hora de avaliar os imóveis”, relata.

Outra boa notícia para 2024 é a confirmação da tendência de queda dos juros básicos na última reunião do Copom, o que levou a Selic a fechar dezembro em 11,75% ao ano. Entretanto, o sobrepreço continua atrapalhando os negócios nas praias mais badaladas de São Paulo.

 

Embalados pelos tempos da pandemia, quando as residências na região triplicaram de valor, muitos proprietários ainda insistem em conseguir cifras maiores por suas propriedades. “O mercado está inflacionado. Há muitos imóveis que ficaram encalhados no ano passado porque os preços perseguiram o patamar da pandemia. Mas isso terminou, a realidade agora é outra” analisa Iván Boljover, corretor que vive em Maresias e atende o público de alta renda interessado em ter uma casa na praia.

 

Sua expectativa é de mercado aquecido em 2024, com lançamentos e entregas de novos empreendimentos em praias como a de Juquehy. “As praias ficaram lotadas, e muitas negociações aconteceram em dezembro. O ano novo será de boas oportunidades na região”, aposta.

 

A Refúgios Urbanos também faz a mesma avaliação. Criada em 2013 pelo ítalo-brasileiro Matteo Gavazzi, a butique imobiliária paulistana se notabilizou pela curadoria de imóveis baseada na arquitetura autoral e no design único. No mês passado, a empresa lançou a Refúgios do Mar, um braço da operação dedicado exclusivamente ao litoral norte.

“Era um movimento natural: nosso cliente da capital tem ou quer ter uma casa nessas praias. Então, buscamos atender a essa demanda com o mesmo olhar apurado e o cuidado em oferecer imóveis que sejam realmente refúgios”, explica Mariana Valente, sócia-diretora da empresa, que já atua em Santos, no litoral sul paulista.

 

O primeiro imóvel do novo portfólio é uma casa de 194 metros quadrados, no sertão de Camburi, projetada pelo escritório Una Arquitetos. “O imóvel está totalmente integrado à natureza e tem uma piscina natural formada pelo riacho que corta o terreno de 4,5 mil metros quadrados”, conta Valente. O preço do mergulho? R$ 2,1 milhões.

 

RANKING DE PREÇOS

 

De acordo com um levantamento do DataZAP, as cidades do litoral norte de São Paulo registraram aumento no valor do metro quadrado. São Sebastião e Ilhabela lideraram o ranking de preços médios na região, tanto para compra quanto para locação. Com base nos anúncios da plataforma entre janeiro e novembro, São Sebastião teve o preço médio do metro quadrado avaliado em R$ 9,8 mil. Em Ilhabela, o valor observado foi um pouco menor: R$ 8,6 mil.

 

Larissa Gonçalves, economista do DataZAP, explica que fatores específicos de cada localidade desempenham papel crucial na dinâmica de preços da região. “Em São Sebastião, Maresias é que puxa o preço para cima. Já Ilhabela é impactada pela oferta limitada de imóveis decorrente de sua pequena extensão”, informa.

No site da empresa, Ilhabela liderou as interações entre “leads” e anunciantes, correspondendo a 47% dos interessados em comprar na região. A cidade repetiu a preferência quanto à procura por locação: 39,5% do total. Caraguatatuba ficou em segundo lugar, com 26% das interações. Em ambas as cidades, a rentabilidade do aluguel ultrapassou 7%, ficando acima da inflação registrada nos primeiros 11 meses do ano passado. 

FONTE: VALOR ECONôMICO