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27/07/2016

Mercado tem pior momento desde 2004, indica Radar Abrainc-Fipe

estudo combina quatro dimensões - ambiente macro, crédito imobiliário, demanda e ambiente setorial -, cada uma com três indicadores.

O mercado imobiliário brasileiro passa pelo seu pior momento desde 2004, ano que marca o início da base de dados do Radar Abrainc-Fipe, estudo lançado ontem. Cinco dos 12 indicadores que compõem o estudo - atividade, massa salarial, condições de financiamento, preço dos imóveis e emprego - tiveram nota zero, no acumulado de janeiro a maio, o que demonstra essa pior situação da série histórica.

O diretor da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Fernando Moura, disse esperar situação mais favorável para o setor em 2017. A expectativa depende, segundo ele, "se vai haver uma decisão em relação ao governo e medidas que mexem com a economia". "É improvável que haja grandes mudanças em 2016, mas pequenas mudanças começam a ocorrer, como a melhora da confiança", afirmou. Segundo o representante da Abrainc, "talvez, o momento seja uma janela de oportunidade para quem quer comprar imóveis".

Calculado pela Abrainc e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o levantamento tem pontuação de zero a dez, conforme as condições de cada indicador. O estudo combina quatro dimensões - ambiente macro, crédito imobiliário, demanda e ambiente setorial -, cada uma com três indicadores.

"Fizemos um esforço grande de colocar variáveis diferentes no mesmo gráfico. Desenvolvemos metodologia própria para mapear indicadores", disse o economista da Fipe, Eduardo Zylberstajn. O estudo utiliza fontes públicas de dados, como Banco Central do Brasil (Bacen) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De 2005 a 2014, por exemplo, cita Zylberstajn, é possível observar, a partir do levantamento, melhora das variáveis que refletem a demanda por imóveis. "O ambiente macro teve pequena melhora, recentemente, mas ainda está próximo do pior momento", acrescenta o economista.

O Radar Abrainc-Fipe apontou nota global para os cinco primeiros meses 2016 de 2,5 pontos, o que representa queda de 1,5 ponto ante a média do ano passado. Houve queda nas quatro dimensões avaliadas. Considerando-se os indicadores, oito caíram e quatro aumentaram nessa base de comparação. Os indicadores são elaborados a partir de séries dessazonalizadas.

A dimensão ambiente do setor teve redução de 0,5 ponto, para 4,5 pontos até maio de 2016. Essa dimensão abrange preço dos imóveis, lançamentos e insumos. O ambiente macro - que inclui confiança, atividade e juros - obteve nota de um ponto, com retração de 1,2 ponto. Houve queda de 1,5 ponto na dimensão crédito imobiliário - condições de financiamento, concessões reais e atratividade do financiamento imobiliário -, para 2,7 pontos, e queda de 2,8 pontos na demanda - que inclui atratividade do investimento imobiliário, massa salarial e emprego -, para 1,5 ponto.

Em maio, a média dos indicadores foi de 2,2 pontos, o que representa queda de 0,6 ponto em relação à nota de 2,8 pontos de dezembro de 2015.

A pontuação para a dimensão ambiente do setor foi de 4,6, patamar semelhante ao de dezembro. A dimensão demanda obteve 1,2 ponto, o que representa redução de 0,9 ponto. Para o ambiente macro, a pontuação também ficou em 1,2 ponto e teve elevação de 0,4 ponto. Já a dimensão crédito imobiliário teve nota de 2 pontos, com queda de 1,6 ponto em relação ao último mês do ano passado.

Metade dos 12 indicadores que compõem o Radar Abrainc-Fipe apresentaram situação pior em maio deste ano do que em dezembro de 2015. A maior redução foi registrada no indicador atratividade do financiamento imobiliário, com variação negativa de 4,2 pontos. Houve piora também nos indicadores de atividade, massa salarial, condições de financiamento, preço dos imóveis e emprego.

Em relação aos indicadores que apresentaram melhora dos juros, atratividade do investimento imobiliário, lançamentos, concessões reais, insumos e confiança -, o economista da Fipe ressaltou que se trata dos chamados indicadores antecedentes, ou seja, que vêm antes de Produto Interno Bruto (PIB), renda e emprego. 

FONTE: VALOR ONLINE