A sociedade se reinventa e se atualiza à medida que surgem novos padrões culturais e econômicos. Dentro deste cenário, o setor imobiliário está entre os mais dinâmicos e recentemente tem assistido ao surgimento de uma nova tendência, especialmente em regiões nobres de São Paulo: os chamados microapartamentos, que vão de 10 a 30 metros quadrados.
De acordo com dados do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), nos últimos sete anos, os microapartamentos tiveram um "boom" na cidade de São Paulo, passando de 0,8% para 22% do total de lançamentos imobiliários realizados na capital paulista entre os meses de janeiro e maio.
Em 2016, nos cinco primeiros meses do ano, foram lançados 30 imóveis desta categoria. No mesmo período de 2022, o número saltou para 5.066. Um aumento expressivo também foi registrado no lançamento de apartamentos com área entre 30 m² e 45 m², que deixaram de representar 29,1% dos imóveis residenciais lançados na capital, em 2016, para se tornarem maioria (50,8%) neste ano.
Segundo Edgar Ueda, um dos maiores especialistas em vendas do setor imobiliário e fundador da hub Neximob, a procura por apartamentos mais simples, compactos, práticos e em grandes centros está ocorrendo por iniciativa de pessoas mais jovens, que naturalmente já têm outros hábitos de vida. Muitas delas, por exemplo, não possuem veículos e preferem utilizar os serviços de aplicativos de mobilidade ou mesmo bicicletas para se locomoverem na cidade.
Estudos feitos por incorporadoras apontaram o surgimento de um público ligado em tecnologia que prefere morar só e próximo a grandes centros, onde tudo acontece. Ou seja, elas estão acostumadas a ter inúmeros serviços disponíveis a um clique de distância.
Sabendo disso, construtoras apostam cada vez mais nesse perfil em São Paulo, onde só entre 2014 e 2020 foram lançados 250 mil apartamentos compactos. O nicho também atrai mais comércio e serviços, antes menos explorados, para os bairros nobres da capital paulista.
“Com a chegada da tecnologia, a tendência é vermos o surgimento de novos serviços do gênero em um futuro breve. Para se ter uma ideia, antes do 4G, não existiam aplicativos de mobilidade, de música ou de entregas. Essas inovações que só foram possíveis após a nova tecnologia”, explica Ueda, que também é escritor best-seller de cinco livros e três vezes palestrante do TEDx.
Outra tendência, segundo o especialista, para a escolha de menores apartamentos é a opção de muitos por não terem filhos. A preferência desse público mais jovem, das classes médias e altas, é por animais de estimação.
Na visão de Ueda, esse novo conceito também se moldou após as transformações que a pandemia causou, entre elas a valorização do metro quadrado, especialmente em áreas nobres das grandes cidades. “Apesar disso, a tendência desse novo mercado imobiliário já vinha se desenvolvendo nos últimos 7 anos, o que fez com que essa indústria aproveitasse espaços menores e cobrasse mais por metro quadrado, visto que dentro dos bairros nobres esse é um perfil bem aceito pelo público-alvo”, finaliza.
24/07/2022