O FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) anunciou nesta quarta-feira (21) mudanças no cálculo do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), importante indicador para monitorar o comportamento do mercado imobiliário e da construção civil no Brasil.
O INCC é usado para calcular o custo dos materiais usados em construções e ajusta as prestações do financiamento de imóveis em construção durante o período de obras. Depois do imóvel pronto, o financiamento é feito diretamente com o banco com outro índice de correção.
A partir de julho, as ponderações do novo INCC serão apresentadas em três padrões construtivos: econômico, médio e alto. Os materiais analisados também mudam e serão dispostos em novas nomenclatura e hierarquia. A revisão da metodologia, afirma o instituto, servirá para acompanhar as mudanças na estrutura de custos da construção civil. A última alteração foi feita em 2009.
Segundo André Furtado Braz, da FGV Ibre, as construtoras poderão consultar o INCC do seu padrão de construção (se é de alto padrão ou médio padrão, por exemplo), usando o indicador com "mais conforto" para captar a evolução dos custos de obra. A ampliação do índice inclui a gestão de projetos de habitação social, como o Minha Casa, Minha Vida, que, hoje, representa grande parte das vendas do setor construtivo.
A nova composição é baseada em orçamentos fornecidos por construtoras de maior expressão no cenário nacional, segundo o instituto. Esses orçamentos correspondem a projetos residenciais executados entre 2018 e 2022.
Na versão atual do índice, existem 52 subitens, dos quais 11 são relacionados à mão de obra. Com o novo cálculo, foram eliminados ou agrupados os itens com menor representatividade no custo total das obras. Agora, são 79 tipos de material, equipamento e serviço, incluindo 19 categorias de mão de obra relevantes.
De acordo com o FGV Ibre, a separação dos orçamentos por padrão da construção revelou diferenças no peso dos materiais e equipamentos entre construções de diferentes padrões e tecnologias, conforme o público a que o empreendimento se destina.
PESOS DOS PADRÕES CONSTRUTIVOS NO INCC
Padrões |
Pesos |
Econômico (Eco) |
33% |
Médio (Med) |
41% |
Alto (Alt) |
26% |
A abrangência geográfica do INCC será mantida. O índice nacional continuará contando com sete cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre e Brasília, cada uma respondendo por uma parcela do INCC. Esses pesos foram obtidos das Contas Regionais do IBGE e refletem, de acordo com o PIB, a participação da construção civil nos estados onde esses municípios estão localizados.
PESOS DAS CAPITAIS NO INCC
Cidades |
INCC Atual |
INCC Novo |
Recife |
5,24 |
3,81 |
Salvador |
9,31 |
7,84 |
Belo Horizonte |
11,13 |
16,16 |
Rio de Janeiro |
9,49 |
14,27 |
São Paulo |
43,29 |
44,51 |
Porto Alegre |
11,04 |
10,54 |
Brasília |
10,5 |
2,87 |
Brasil |
100 |
100 |
O INCC foi um dos primeiros índices desenvolvidos para monitorar a evolução dos custos da construção no Brasil. Criado em 1944, consolidou-se como um dos mais importantes indicadores de preços para o segmento, sendo também um dos componentes do IGP (Índice Geral de Preços) do FGV Ibre.