A maioria dos imóveis residenciais lançados no país no segundo trimestre deste ano foi do programa Minha Casa Minha Vida. Levantamento divulgado nesta segunda-feira pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostra que o programa respondeu por 56% das novas unidades de 132 cidades pesquisadas.
No total foram 16.659 novos imóveis residenciais, queda de 60,9% em relação ao mesmo período ano passado, quando foram apresentadas 42.619 unidades.
Os dados fazem parte dos Indicadores Imobiliários Nacionais, e foram apresentados em entrevista coletiva online realizada pela CBIC com a participação do presidente da CBIC, José Carlos Martins, vice-presidente Celso Petrucci, o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec) do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa.
Pelas projeções do presidente da CBIC, José Carlos Martins, se considerados todos os imóveis residenciais de todo o país, a participação do Minha Casa Minha Vida sobe para 75%.
Uma nova modelagem do programa, o Casa Verde Amarela, deve ser lançado pelo governo nesta terça-feira. A proposta prevê juros mais baixos e possibilidade de reformas para construção de novos cômodos como banheiro, quarto, cozinha, com recursos públicos.
De acordo com a CBIC, o lançamento de imóveis registrou queda de 20% no segundo trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior. Já as vendas caíram 16,6% na comparação com o primeiro trimestre do ano, e 23,5% frente ao mesmo período do ano passado. O primeiro semestre fechou com resultado negativo de 2,2% em comparação a 2019.
Na avaliação do presidente da CBIC, apesar do auxílio emergencial ter incentivado o setor da construção civil com o aumento de vendas de materiais no varejo, o aquecimento do setor imobiliário está mais associado às baixas taxas de juros.
O cenário de juro baixo no país, o isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus e a categorização da construção civil como atividade essencial fizeram o resultado do semestre apresentar estabilidade, segundo Martins.
— Os empresários estavam temerosos de realizar lançamentos no início da pandemia. Mas, agora, 70% deles pretendem lançar o mesmo volume que estava planejado no início do ano. A expectativa do setor para o futuro é boa, porque isso significa geração de emprego. Vamos ter uma retomada no setor, pois o interesse de compra das famílias está no mesmo nível pré-pandemia — afirma Martins.
Projeção de crescimento
A projeção é que no segundo semestre os lançamentos cresçam entre 25% e 30%, segundo a CBIC. Segundo o vice-presidente da Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, a expectativa é de que lançamentos e vendas, neste ano, fiquem entre os volumes de 2018 e 2019.
— O nosso sonho é ter um ano de 2020 bastante parecido com 2019, mas deve ser difícil com o resultado do primeiro semestre. Devemos ficar entre lançamentos e vendas no patamar de 2018 e 2019.
O secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec), Carlos Alexandre da Costa, afirma que as ações implementadas pelo governo como o auxílio e benefício emergencial, as medidas tributárias, o trabalho com os setores produtivos e a questão de crédito ajudam o panorama da construção civil.
— A nossa situação de retorno é muito superior a outros países do BRICS, exceto a China. Não é que nós vamos voltar em V, já estamos em V. Não há mais dúvida — afirma Costa em referência à fala do Ministro da Economia Paulo Guedes sobre a recuperação econômica do país.