A incorporadora Mitre, especializada em média e alta renda, encerrou 2022 com queda de 22,1% nos lançamentos, mas aumento de 13% em suas vendas líquidas, na comparação com o ano anterior. A empresa divulgou seus dados operacionais nesta quinta-feira (12).
A companhia lançou R$ 1,4 bilhão em valor geral de venda (VGV) e registrou vendas líquidas de R$ 827,3 milhões.
A velocidade de venda, medida pelo índice de venda sobre oferta (VSO), ficou em 31,4%, retração de 4,1 pontos percentuais. A Mitre fechou o ano com estoque de R$ 1,8 bilhão, alta de 28,5% ante 2021.
O comportamento de expansão nas vendas e queda no volume de lançamentos também ocorreu no quarto trimestre. Foram R$ 605 milhões de VGV em dois lançamentos, volume 47% menor do que no mesmo período de 2021. Segundo Rodrigo Cagali, diretor-financeiro e vice-presidente de operações da Mitre, a empresa tinha outros dois empreendimentos para serem lançados no ano passado, mas a empresa decidiu postergá-los para este ano, pelas condições da economia e os eventos do fim de 2022.
As vendas líquidas somaram R$ 319,6 milhões entre outubro e dezembro, valor recorde para a companhia e leve alta anual de 1,9%. Já ante o terceiro trimestre, o aumento foi de 94%.
No quarto trimestre, foram registrados R$ 47 milhões em distratos, alta de 21,2% sobre o mesmo período de 2021 e acréscimo de 3,2% em relação ao terceiro trimestre. Para Cagali, é um bom sinal, visto que as vendas quase dobraram no mesmo período. No ano, os distratos somaram R$ 158,3 milhões, valor 27,8% maior do que no ano anterior.
Para 2023, a empresa prevê entregar 12 projetos, que somam 2.725 unidades. Desse total, 90% já está vendido. O estoque da Mitre tem 96% das unidades lançadas há até dois anos, ou seja, ainda em construção.
A incorporadora não vai dar guidance para o ano, mas Cagali afirma que há produtos e banco de terrenos para lançar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 1,8 bilhão. “Vamos colocando conforme tenha absorção”, diz. No primeiro trimestre, a Mitre deve lançar dois projetos, um para classe média-baixa, na Zona Leste da cidade, e outro em parceria com a construtora Lucio, no Brooklin. O VGV da Mitre com esses projetos ficará entre R$ 420 milhões e R$ 450 milhões.
A companhia fez demissões nos últimos meses, que Cagali afirma “não chegarem a dois dígitos” do quadro de funcionários. Segundo o executivo, são “ajustes naturais” que foram motivados por uma reorganização da companhia e pela implantação de processos tecnológicos. “Não é corte por diminuição de operação. Se fosse, não lançaríamos R$ 450 milhões logo no primeiro trimestre”, afirma.
No dia 6, a empresa teve de explicar à CVM o movimento atípico de suas ações, que subiram 15% no dia anterior. Desde o começo do ano, a alta é de 44,85%.
Para Cagali, não há uma explicação única, mas um provável reconhecimento do mercado de que o valor da companhia está descontado. “A empresa fechou o ano valendo pouco menos de R$ 400 milhões, sendo que em ‘landbank’ quitado nós temos mais de R$ 500 milhões, fora o que já lançamos e está vendido, ficou incoerente”, afirma.
Segundo ele, a Mitre precisa “convergir para múltiplos semelhantes aos seus pares”, e a alta atual é uma correção.
Matéria publicada em 13/01/2023