A Mitre Realty vai avaliar a possibilidade de lançar, em junho, algum dos três projetos cuja previsão era de apresentação ao mercado no segundo trimestre. Devido às restrições de circulação de pessoas decorrentes da pandemia de coronavírus, a incorporadora com atuação nos segmentos de médio e médio-alto padrão, na cidade de São Paulo, não lançou um empreendimento que estava previsto para já ter sido realizado e poderá postergar também os outros dois. Esse cenário leva em conta que a quarentena, no Estado de São Paulo, foi estendida até o próximo dia 31 pelo governador João Doria (PSDB).
“Dificilmente, vamos fazer qualquer lançamento em maio. Estamos trabalhando para ver se conseguimos lançar em junho”, afirma o diretor financeiro e de relações com investidores da Mitre, Rodrigo Cagali. Segundo o executivo, a incorporadora não pretende abrir mão de seus fundamentos, como estoque baixo, robustez de caixa e cumprimento dos prazos de obras.
No primeiro trimestre, não houve lançamentos, assim como já estava previsto. Sem apresentar novos projetos, a Mitre registrou queda de 35% nas vendas brutas e de 58,7% nas vendas líquidas, para R$ 58,1 milhões e R$ 33,8 milhões, respectivamente. A quarentena e o fechamento dos estandes de vendas resultaram em redução de pouco mais de 50% da comercialização de imóveis da companhia.
Mas, segundo Cagali, as vendas de abril foram “surpreendentemente boas”, com incremento de 42% em relação a março. “A maior parte dos clientes já tinham estado em nossos estandes de vendas, em algum momento, ou conhecia a Mitre e a microrregião do projeto”, diz o executivo. Em relação ao repasse dos recebíveis dos clientes para os bancos, o diretor de relações com investidores diz que as operações têm sido mantidas. A incorporadora está em fase de conclusão do repasse de dois empreendimentos e dando início a mais um.
Desde o ano passado, a incorporadora vinha em forte ritmo de prospecção de terrenos para compra, movimento freado com a atual crise. “Nosso entendimento é que surgirão boas oportunidades. Ainda não vimos os preços de terrenos caírem sensivelmente, mas acreditamos que isso começará a mudar de maio para junho”, afirmou Cagali, acrescentando que poderá haver oportunidades também de aquisição de áreas de incorporadoras que precisem de caixa. O banco de terrenos da Mitre corresponde ao Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 4,3 bilhões.
No primeiro trimestre, a Mitre teve prejuízo líquido de R$ 6,4 milhões, revertendo o lucro líquido de R$ 5,3 milhões de janeiro a março do ano passado. A receita líquida aumentou 2,5%, para R$ 48 milhões, impactada pela falta de lançamentos e pela diminuição de vendas a partir da segunda quinzena de março. A margem bruta caiu de 34,9% para 28,9%. As despesas administrativas cresceram 98,4%, para R$ 10,5 milhões, devido às novas contratações decorrentes de a empresa ter aberto capital e da adequação a questões legais. As despesas comerciais tiveram alta de 87%, para R$ 4,9 milhões, com a preparação de lançamentos para o segundo trimestre que acabaram não se concretizando. A Mitre encerrou o trimestre com caixa líquido de R$ 826,7 milhões.