Ana Luiza Tieghi
Sem nenhum lançamento no primeiro trimestre do ano, a incorporadora Mitre, que atua no médio e alto padrão, teve o melhor primeiro trimestre em vendas brutas de sua história, com R$ 180,1 milhões, alta de 62,6% na comparação anual. As vendas líquidas somaram R$ 153,5 milhões, aumento de 85,3%.
A empresa teve um 2021 forte em lançamentos, o que trouxe estoque para o trimestre. Segundo Fabricio Mitre, CEO da incorporadora, a estratégia da companhia é tentar zerar o estoque durante os meses de construção dos produtos: 98% do que deve ser entregue neste ano está vendido.
Para o segundo trimestre, a Mitre vai lançar dois empreendimentos, com valor geral de vendas (VGV) de R$ 240 milhões. Até o início de junho, chegam o Raízes Alto Freguesia do Ó e o primeiro edifício da nova linha da empresa, o Origem Penha. As linhas Raízes e Origem compartilham a área de atuação, as zonas leste e oeste de São Paulo, mas enquanto a primeira tem unidades de 60 a 80 metros quadrados, a segunda terá apartamentos menores, de até 50 metros quadrados. “Teremos um ticket de venda mais acessível”, diz Mitre.
A incorporadora estreou em 2021 no alto padrão com o Haus Mitre Jardins, que está 54,5% vendido, e terá novo empreendimento na região no terceiro trimestre, na rua Haddock Lobo, com unidades de 190 metros quadrados.
O índice de venda sobre oferta (VSO) da Mitre ficou em 11,6% no trimestre. Nos últimos 12 meses até março foi de 40,5%, aumento de 5 pontos percentuais sobre o trimestre anterior. A margem bruta cresceu 1,9 ponto percentual ante o primeiro e o último trimestre de 2021, para 34,1%. “Confirmamos a tese de que poderíamos continuar com alto VSO e atuar no mercado de altíssimo padrão, que entendemos estar mal atendido na cidade”, afirma o executivo.
Para o próximo trimestre, o principal desafio é o custo da construção, que, apesar de estar sendo repassado aos clientes, ainda preocupa. “As coisas estão saindo do razoável, vemos fretes marítimos custando quatro vezes mais do que antes”, diz Mitre.
Como defesa à escalada dos custos, a empresa tem cuidado para vender unidades para clientes que consigam pagar uma parcela maior do imóvel antes da entrega das chaves. O usual no mercado é ter 30% do valor repassado antes da obra ficar pronta, mas o executivo ressalta que na Mitre essa porcentagem costuma beirar os 60% atualmente.
“Isso acomoda a oscilação do custo da construção e da taxa de juros, deixa a empresa mais segura e resiliente”, afirma.
A taxa de distrato ficou em 1,5% no primeiro trimestre, menos do que o 1,9% registrado no final de 2021, e a inadimplência também segue baixa.
A companhia fechou o primeiro trimestre com receita líquida de R$ 138,5 milhões, alta de 62,8% sobre o primeiro trimestre do ano passado, e lucro líquido de R$ 8,1 milhões, ante prejuízo de R$ 11,7 milhões no início de 2021. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 15,9 milhões, ante prejuízo de R$ 534 mil na comparação anual.
(Matéria publicada em 10/05/2022)