O bom ritmo de vendas de imóveis levou a Mitre Realty - incorporadora com atuação nos segmentos de média e média-alta renda na cidade de São Paulo - a lançar o valor recorde de R$ 456,4 milhões, no terceiro trimestre, e a estimar apresentação de projetos, no quarto trimestre, que devem somar Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 440 milhões. O total a ser lançado, no acumulado deste ano, perto de R$ 900 milhões, é inferior à expectativa anterior à pandemia de covid-19, entre R$ 1 bilhão e R$ 1,2 bilhão, mas supera a percepção da Mitre, no início da quarentena, e os R$ 700 milhões de 2019.
Assim como outras incorporadoras de mesmo perfil, a Mitre começou a apresentar projetos ao mercado apenas no terceiro trimestre, em decorrência das incertezas trazidas pela pandemia e de os estandes terem ficado fechados, em São Paulo, durante parte do segundo trimestre. De julho a setembro, a companhia registrou vendas líquidas de R$ 256 milhões, o que representa crescimento de 394%, na comparação anual, e de 638% ante o intervalo de abril a junho.
A demanda represada por imóveis dos padrões médio e médio-alto contribuiu para o bom desempenho de lançamentos e vendas, mas a queda dos juros tem se mostrado como o principal fator para atrair compradores finais e investidores, de acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da Mitre, Rodrigo Cagali. O executivo ressalta que os financiamentos habitacionais estão mais atrativos para consumidores finais e que há migração de recursos de investidores de aplicações financeiras para aquisição de imóveis.
Neste reaquecimento do mercado, tem havido, segundo Cagali, antecipação do fluxo de pagamentos, com desembolso de 54% antes da entrega das chaves. Na tabela padrão, 30% do valor do imóvel é pago durante a construção, enquanto 70% é financiado. “No caso de investidores, a parcela, durante as obras, está chegando a patamar de até 80%”, afirma
No terceiro trimestre, a velocidade de comercialização da Mitre medida pelo indicador VSO (vendas sobre oferta) foi de 56,8%, acima dos 44,2% de um ano antes e dos 29,8% do segundo trimestre.
Em um cenário de retomada de lançamentos pelo setor, a disputa por clientes tem sido feita, principalmente, por meio dos produtos, segundo Cagali. “Como os estoques não estão elevados, não tem ocorrido canibalização dos preços”, destaca o diretor.