Juros baixos, financiamento facilitado e alternativas de linhas de crédito. Esses são os principais fatores que indicam o bom momento para comprar a casa própria. De acordo com especialistas, a redução das taxas no último ano se repete em 2020 e deixa o sonho da casa própria mais próximo. Para o vigilante Jefferson Martins, 26 anos, e a mulher dele, Mikaellen Souza, 24, a realização tem data: dezembro. O casal completa um ano de casado em março e começou a procurar imóvel em 2017. No entanto, à época, não conseguiu encontrar nada acessível. A prioridade sempre foi um apartamento de dois quartos e, no fim de 2019, fecharam o contrato.
“Resolvemos financiar, porque é a única forma que conseguiríamos pagar sem pesar tanto no bolso e ter o nosso apartamento próprio. Para isso, tivemos a ajuda de familiares, que emprestaram dinheiro para nos ajudar com a entrada. A ideia era diminuir ainda mais os juros”, conta o vigilante. Jefferson e Mikaellen compraram o imóvel na planta. O prédio é construído em Samambaia, e a entrega deve ocorrer no fim do ano. “O sentimento é de felicidade, pois um sonho distante se tornou realidade. Apesar de todas as dificuldades temos um lugar para chamar de nosso”, comemora a professora de inglês.
A economista Suely Martins explica que os financiamentos são impactados com a redução de juros. A taxa também beneficia os custos de construção e o investimento imobiliário, que ficam mais baratos. “É um bom momento, sim, para comprar imóvel. Não podemos falar até quando essa facilidade continua, mas hoje é o momento ideal. A economia está animada, e o governo, sanando problemas no setor. Podemos assegurar que o ambiente é favorável”, afirma.
Dono de uma construtora, Sérgio Cardoso confirma que, em janeiro, a procura por imóveis superou todas as expectativas. A empresa ganhou cerca de 400 clientes. Geralmente, são 200 por mês. Ele atribui as buscas aos baixos juros. “Esse é o momento de fazer financiamento. Brasília tem muito servidor público, e os bancos trabalham com taxas atrativas para esse público”, ressalta.
Sérgio destaca que o mercado está voltado para os lançamentos. Ele projeta que, neste ano, terá um aumento de 100% em comparação com as vendas de 2019. Dados da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi/DF) mostram que Noroeste e Park Sul são as regiões de alto custo que mais venderam imóveis. De baixo custo, Santa Maria está à frente, seguida de Samambaia e Ceilândia.
Otimismo
Em 2019, o mercado imobiliário recuperou-se no Distrito Federal. O resultado do Indicador de Velocidade de Vendas (IVV) de dezembro, avaliado pela Ademi/DF, em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/DF), apresentou aumento de 9,4%. É o melhor índice para o mês desde o início da série histórica, em 2014 — ele calcula a quantidade de unidades vendidas pelo total de ofertas.
Segundo o presidente da Ademi/DF, Eduardo Aroeira, o cenário favorável para compra e venda de imóveis permanece em 2020. “Basicamente, há duas situações: primeiro, a taxa básica de juros (Selic) — de 4,25% —, em uma mínima histórica, aliada à inflação baixa, fazendo com que o investimento em imóvel seja bastante rentável; a segunda é também a mínima histórica nas taxas de financiamento, fazendo com que os compradores se sintam estimulados a investir em imóveis”, detalha.
Com a volta da confiança, o vice-presidente do Sinduscon/DF, Adalberto Valadão Júnior, acredita que o indicador de vendas deve ter um incremento de cerca de 30% neste ano. “Leva à conclusão de que este ano vai ser muito bom para o mercado imobiliário e também para o adquirente, o mercado comprador. Vão ter mais opções de imóveis, e, com isso, condições de realizar excelentes negócios, com a volta de investimentos em lançamentos imobiliários”, avalia.
Dicas para comprar o imóvel
Analisar qual o estilo de imóvel que quer a longo prazo. Se pretender ter filhos, por exemplo, não adianta comprar uma quitinete
Avaliar se o recurso disponível é condizente com o perfil da casa que pretende comprar
Pesquisar em três bairros que deseja morar
Verificar se o imóvel tem procedência. Se foi erguido por uma construtora de confiança, se passou por reforma, como é a estrutura
Conhecer a rotina da vizinhança. Se costuma fazer barulho ou se é mais tranquilo
Em caso de financiamento, calcular se as parcelas cabem no bolso. Não se esquecer dos juros
Três perguntas para
Gabriela Linhares Bezerra, consultora financeira
Existe um período ideal para a compra do imóvel?
Estamos em uma situação em que os bancos estão oferecendo boas condições e, devido à crise, muitas pessoas estão colocando os imóveis à venda por preços em conta. Então, o consumidor consegue comprar agora com boas taxas. Esse é o bom período para comprar a casa própria.
O financiamento vale a pena?
Ele é vantajoso, mas quanto mais recurso tiver para dar de entrada, menos juros você paga. O consumidor tem de estar ciente dos juros. Muitas vezes, ele compra, e a valorização do imóvel não consegue acompanhar os juros. Se juntar mais dinheiro, eles diminuem. Essa é uma boa opção, porque a pessoa consegue realizar o sonho de ter um imóvel, é a forma mais rápida.
Pagar aluguel compensa no DF?
É uma alternativa interessante, até tomar a decisão da compra do imóvel. Um aluguel fica em torno de R$ 700 a R$ 1.000. Se a pessoa pensa em comprar uma casa em que a soma dos juros é de R$ 150 mil, o aluguel compensa, porque não vai atingir esse valor. Indo para o aluguel, o comprador avalia melhor as condições e evita uma compra precipitada de algo que pode não suprir as expectativas. É válido lembrar que, quando se compra uma casa, não se consegue vender fácil. É uma decisão que precisa ser mais assertiva.