Maior incorporadora do Nordeste, a Moura Dubeux está priorizando a preservação do seu caixa com venda de estoques e redução de despesas, enquanto analisa o ambiente de negócios para voltar a fazer lançamentos. Ao Valor, o presidente da companhia, Diego Villar, disse que somente no próximo ano a demanda do setor imobiliário deve voltar aos níveis do ano passado.
Para Villar, o mercado imobiliário dispõe hoje de crédito e taxas e juros atrativas, mas a recuperação do setor, no pós-pandemia de covid-19, vai depender do tamanho do impacto da crise sobre o emprego. “Temos um grande déficit habitacional e um setor com demanda reprimida de duas crises, mas é preciso ainda uma retomada da confiança do consumidor”, disse o executivo.
A Moura Dubeux anunciou, ontem, que retomou atividades nos canteiros de obra em Pernambuco e no Ceará - estados que concentram 70% do negócio da empresa e onde os canteiros estavam paralisados desde o final de março por conta da pandemia. Nos outros dois estados em que a incorporadora atua - Bahia e Alagoas - não houve paralisação das obras.
Todas os 21 canteiros da incorporadora já estão funcionando, mas em Pernambuco, sede da Moura Dubeux, a retomada ainda não é de 100%. Até o momento, o governo do Estado só autorizou a volta das atividades na construção civil com 50% da capacidade. “Não temos ainda a data cravada de retomada total, mas estamos confiantes de que será ainda na primeira quinzena de junho”, afirmou o executivo.
A paralisação das obras deve ter forte impacto sobre o balanço do segundo trimestre da companhia, já que a contabilização de receitas no segmento de construção é feita proporcionalmente ao avanço das obras. “Apesar de não termos tido quebra de carteira e de ter dinheiro entrando na empresa, o impacto na receita se concentra no segundo trimestre”, disse o executivo.
Do lado positivo, Villar ressaltou que não houve incremento significativo dos distratos, pois a incorporadora optou por renegociação e parcelamentos das intercaladas de alguns clientes previstas para junho.
Para retomar as atividades em Pernambuco, a Moura Dubeux adotou uma série de cuidados com os trabalhadores como segregação no horário de chegada, controle de acesso aos vestiários e refeitórios, além da afastamento do grupo de risco das atividades, de acordo com o executivo.
Segundo Villar, a empresa não demitiu funcionários durante os meses de paralisação das atividades e não pretende fazer ajustes no quadro de pessoal. “Estamos mantendo o foco na retomada”, disse. A incorporadora captou R$ 1,25 bilhão em oferta pública inicial de ações (IPO) no início do ano. Villar diz que a companhia está em uma posição confortável de caixa e não pretende acessar, por ora, o mercado de dívida.
Além de incorporação imobiliária, a companhia atua em administração de obras e condomínios.