Por Ana Luiza Tieghi
As duas incorporadoras que divulgaram suas prévias operacionais ontem (13), ambas com atuação forte no segmento econômico, tiveram recorde de vendas. Na MRV&Co, porém, não foram as unidades para o público de baixa renda que contribuíram para isso.
A companhia fechou o trimestre com R$ 2,6 bilhões em vendas líquidas, valor que abrange os resultados de MRV, Sensia, Urba, Luggo e Resia (ex-AHS). O montante é 26,2% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, e 49,5% superior aos primeiros três meses de 2022.
A principal responsável pelo recorde foi a operação americana Resia, que somou R$ 955 milhões em vendas, mas a Luggo também colaborou, com R$ 141 milhões. Cada uma das empresas vendeu dois empreendimentos.
Nas outras verticais, houve queda nas vendas, na comparação anual. O segmento MRV, que reúne imóveis do programa Casa Verde e Amarela (CVA) e logo acima dele, comercializou R$ 1,47 bilhão, 10,3% menos. A Sensia, de médio-padrão, vendeu R$ 14 milhões, recuo de 34,7%, enquanto a Urba, de loteamentos, comercializou R$ 24 milhões, queda de 37%.
Para Rafael Menin, copresidente da MRV&Co, a concentração na Resia e na Luggo não é problema. “Essa capacidade de trazer resultado de várias iniciativas é o grande diferencial da MRV&Co”, afirma.
A Urba deverá recuperar vendas no terceiro trimestre, garante Menin, porque seus lançamentos de 2022 estão concentrados no período. “Será um ano recorde para Luggo, Urba, Sensia e Resia, em lançamentos, receita e lucro”, prevê.
As vendas no segmento econômico, o core da empresa, sofreram com inflação e a perda de poder de compra do consumidor, explica o executivo. Ele analisa que, com as medidas aprovadas na semana passada para melhorar as condições do CVA, e mais algumas alterações previstas para as próximas semanas, há chances do setor ter um desempenho melhor nos trimestres seguintes. Porém, Menin ressalta que é preciso aprovar novos tetos para o valor de venda das unidades do programa.
Os lançamentos da MRV&Co somaram R$ 2,1 bilhões em valor geral de vendas (VGV) no segundo trimestre, queda de 11,6% na comparação anual, e alta de 21,8% ante os primeiros três meses deste ano. Os lançamentos da linha econômica aumentaram 3,2% na comparação anual, para R$ 1,8 bilhão. O restante dos lançamentos ficou com Sensia (R$ 273 milhões) e Urba (R$ 39 milhões).
Menin afirma que a empresa precisou desenquadrar um “percentual importante” dos lançamentos previstos para o CVA no trimestre, que viraram projetos da linha Class, logo acima dele. A empresa elevou o ticket médio das unidades econômicas em 7,5% sobre o último trimestre. Segundo o executivo, a elevação visa melhorar as margens da companhia no segmento, ainda baixas.
A MRV&Co teve R$ 317 milhões de geração de caixa, devido principalmente às vendas da Resia
Outra empresa do setor, a Plano&Plano obteve vendas líquidas contratadas de R$ 379,5 milhões entre abril e junho, alta de 5,2% no comparativo anual e recorde trimestral para a companhia. Ante o primeiro trimestre, foi apurado aumento de 2,1%.
O VGV lançado cresceu 11,4% no comparativo anual, para R$ 394,1 milhões - cinco empreendimentos. O valor é 47,3% superior ao obtido no primeiro trimestre do ano.
Ao final de junho o indicador de vendas sobre oferta (VSO) nos últimos 12 meses da companhia atingiu 40,7%, queda de 2,4 pontos percentuais na base anual. Foram registrados R$ 25,9 milhões em unidades distratadas, queda de 35,3% ante o mesmo trimestre de 2021. (Colaborou Fabiana Holtz)
Matéria publicada em 14/07/2022